Há quase 11 anos – completados amanhã (1º) –, a Globo exibia o primeiro capítulo de “Mulheres Apaixonadas” (2003), de Manoel Carlos, em “Vale a Pena Ver de Novo”. O anúncio foi feito cinco dias antes da volta, durante a exibição do antepenúltimo capítulo da antecessora “Cabocla” (2004). A demora se deu por conta do Ministério da Justiça, que tardou a aceitar a exibição às 14h de um produto concebido para às 20h.
Eis que, no momento, a emissora se vê em situação similar. Não por conta do MJ e da Classificação Indicativa. Mas devido ao êxito de “Por Amor” (1997).
A substituta da trama, também de Manoel Carlos, terá um papel crucial na grade que a Globo deve colocar no ar a partir de 30 de setembro: “Jornal Hoje” talvez já com Maju Coutinho – após 16 anos de Sandra Annenberg na bancada –, “Se Joga” de Fernanda Gentil, “Sessão da Tarde” e “Vale a Pena Ver de Novo”. Ainda, “Éramos Seis” às 18h.
Não é de hoje que as reprises servem de “esteio” para a grade. Em 1996, por conta do “efeito horário de verão” nas novelas das 18h e das 19h, o repeteco de “Mulheres de Areia” (1993) foi esticado a ponto de ocupar duas horas da programação. O mesmo se deu com “O Rei do Gado” (1996), em 1999, e a própria “Por Amor”, em 2002.
O próximo cartaz terá a missão de “sustentar” a alta audiência de “Por Amor” e de segurar as pontas caso a “nova” grade da Globo dê com os burros n’água.
Bronze
A título de curiosidade, “Por Amor” ostenta, considerando os 88 capítulos exibidos até quinta-feira (29), 17,3 pontos de audiência na Grande São Paulo. Trata-se da terceira melhor média da década, atrás apenas dos 17,4 de “O Rei do Gado”, em 2015, e dos 18 de “Senhora do Destino” (2004), em 2017. Curiosamente, os três folhetins em segunda passagem pelo “Vale a Pena Ver de Novo”. Talvez um indício de que o público anseie pelo que já conhece ou lembra bem…
O dono do pedaço
A coluna, aliás, sustenta que “Eta Mundo Bom” (2016) segue em alta entre os responsáveis pela seleção do “Vale a Pena”. Justificável: a novela de Walcyr Carrasco – reinando com “A Dona do Pedaço” às 21h – ostenta a melhor média do horário das 18h desta década (27,1 pontos). Quando anunciei aqui a provável reapresentação da saga de Candinho (Sérgio Guizé), as redes sociais reagiram quase unânimes: a produção é recente demais.
A bela da tarde
Problema parecido enfrenta a Record, em busca da substituta de “Bela, a Feia” (2009). A estação, porém, não possui acervo tão vasto quanto o da Globo, o que torna a missão mais ingrata. “Bela” garantiu, até o momento, 7,3 pontos de audiência na Grande São Paulo, a maior da faixa das 15h – acima dos 6,9 de “Amor e Intrigas” (2007), dos 6,5 de “Prova de Amor” (2005) e dos 6,2 de “Ribeirão do Tempo” (2010) e “Luz do Sol” (2007).
Ligo
“A Dona do Pedaço” e o acerto de contas de Agno (Malvino Salvador) e Lyris (Deborah Evelyn). A ex-esposa do empresário desejou felicidades a ele em sua busca por um relacionamento com outro homem. A sequência foi bonita, de texto correto, sem as recorrentes falas pejorativas que Walcyr Carrasco costuma usar em cenas do tipo, como as de Samuel (Eriberto Leão) em “O Outro Lado do Paraíso” (2017) e Félix em “Amor à Vida” (2013). Um ponto fora da curva, ainda bem, na novela das 21h.
Desligo
“Melhor da Tarde” de Cátia Fonseca. O vespertino da Band tem apelado nos GCs, especialmente no quadro sobre celebridades conduzido por Cátia e Aaron Tura. Falta à apresentadora a espontaneidade dos tempos de Gazeta, onde o bate-papo com Mamma Bruschetta – hoje relegada à figura decorativa no “Fofocalizando” – fluía e informava, sem apelação. É de se lamentar que Cátia, após ampliar a vitrine, não exponha o melhor de seus figurinos…
Fecha a conta
Por falar em reprise… Que baita novelão é “Selva de Pedra” (1986), no ar via Canal Viva às 14h30 e 0h45 – e também no Viva Play. Concebida em tempos de abertura política, e quase fim da Censura, o remake do clássico de Janete Clair expõe um herói falho (Cristiano Vilhena, Tony Ramos), uma mocinha descolada (Simone, Fernanda Torres) e relações amorosas “modernas” – como as das sexualíssimas Fernanda (Christiane Torloni) e Laura (Maria Zilda Bethlem). Até o momento, “Selva de Pedra” traz o frescor e a atualidade de outras obras resgatadas pelo Viva, como “Vale Tudo” (1988) e “Tieta” (1989).
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.