Ary Toledo, 82, que todos conhecem como humorista, começou como ator no Teatro de Arena, um local em São Paulo que tinha apenas 80 lugares e era o de maior repercussão do país. Todas as peças que ali eram apresentadas tinham o poder de serem comentadas em todos os lugares.
E ali Ary se lançou como ator, dirigido pelo Augusto Boal, um dos ícones do comunismo dos anos 60. Toledo não era ligado à política e gostava de ser ator. E Boal gostava de Ary, mesmo ele não sendo militante. E foi Augusto quem apresentou Ary Toledo a Vinicius de Morais, que estava montando um musical no Rio.
Na Cidade Maravilhosa, Ary conheceu os grandes da música e intelectualidade dos anos 60 e foi apresentado à música Comedor de Gilete, feita por Vinicius. A composição já tinha sido gravada por Renato Aragão e outro cantor nordestino.
Mesmo assim, Ary pediu ao Vinicius que lhe permitisse gravar a canção, o que se transformou em um grande sucesso de vendas e atingiu a marca 1 milhão de cópias de disco de vinil. O país todo cantava a música gravada por Ary.
Era o ano de 1969, logo depois do decreto do AI-5 feito em 1968. E neste decreto passou a ser proibida qualquer menção de política nos teatros e nas emissoras de TVs como crítica ao Governo. Ary Toledo, que a essa altura já era conhecido no país todo por sua gravação, foi fazer um show exatamente no Teatro de Arena. E logo na primeira noite, dois censores da Polícia Federal estavam sentados na primeira fila.
Na hora de finalizar o show, Ary não perdeu o humor e acabou fazendo uma brincadeira com a palavra ato, que foi o Ato Institucional 5. Os censores ao menos tiveram a delicadeza de deixar que Ary Toledo acabasse sua apresentação. Depois, foram até o camarim do artista e ali mesmo lhe deram voz de prisão, tudo feito sem alarde ou escândalo.
A surpresa foi quando os censores entraram na Polícia Federal escoltando Ary. Levaram o humorista até a sala onde estava um coronel encarregado de resolver as coisas naquela noite. A Polícia Federal ficava a 500 metros do Teatro de Arena.
Quando o coronel viu Ary Toledo na sua frente, não resistiu por ser fã e fez o seguinte comentário: “Porra Ary, eu sou teu fã, comprei teu disco, e você fica me enchendo o saco e me dando problema. Eu não vou te prender não mas por favor para de falar o que você falou no fim do seu show porque senão você vai me foder e eu vou ter que te prender. Vai embora pra casa e não me enche mais o saco”. Ary sempre foi genial.
Teodora Mendes ama uma fofoca e não tem compromisso em segurar a língua. Esperta e atenta ao mundinho fantasioso dos famosos, ela sempre está à procura dos podres que as celebridades e sub-celebridades tanto fazem questão de esconder. Dos bailes mais luxuosos aos pancadões nas favelas, Teodora conta com uma tropa de contatinhos nessa saborosa jornada.