Nenhuma reviravolta de Amor de Mãe foi tão surpreendente quanto a de Penha. O plot twist da personagem, que passou de empregada doméstica vítima de abuso à chefe do crime organizado do Rio de Janeiro, pegou de surpresa até mesmo a sua intérprete. Em entrevista exclusiva ao RD1, Clarissa Pinheiro, de 37 anos, falou sobre os rumos tão inesperados da nova vilã do horário nobre.
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“Teve gente na rua me dizendo que antes torcia para que eu me vingasse do Belizário (Tuca Andrada), mas que agora a torcida era pelo romance dele com Penha”, admite a atriz, que encara pela primeira vez o desafio de atuar em uma obra aberta.
Clarissa contou também que possui um diálogo aberto com a autora Manuela Dias e o diretor José Luiz Villamarim, e que cada nova leva de capítulos é um grande desafio de interpretação.
Antes de Amor de Mãe, Pinheiro já havia atuado na TV em Justiça (2016), também de Manuela, e Onde Nascem Os Fortes (2018). Ela também possui uma trajetória de sucesso no cinema, em filmes como Aquarius (2016) e Casa Grande (2014).
Confira a entrevista na íntegra:
RD1: Penha iniciou a novela como empregada doméstica da Lídia, e só depois foi surgindo em relações com outros personagens e agora está totalmente envolvida com o crime. Você esperava todo esse crescimento?
Clarissa Pinheiro: Não mesmo! Quando o Zé (diretor) me chamou pra participar da novela, eu só sabia que era uma empregada doméstica que sofreria abusos de poder da patroa e que seria traída pelo marido. Do resto em diante, foi tudo novidade (e que novidade) pra mim!
RD1: Os mistérios que ainda cercam a trama e revelam ao público relações inesperadas podem afetar a Penha? O que podemos esperar daqui pra frente?
Clarissa Pinheiro: Muita sujeira! E Penha estará metida nisso.
RD1: Você já havia dito em entrevistas que tinha o sonho de atuar com Irandhir Santos. E na última semana dividiu cenas incríveis com ele. Como foi?
Clarissa Pinheiro: Esse encontro foi bem legal. O Irandhir é uma potência! A cena marca a mudança da Penha, não só no visual, mas na atitude. Ela olha pro Álvaro de igual pra igual.
RD1: A Penha se apaixonou de verdade pelo Belizário?
Clarissa Pinheiro: Olha, pelo jeito que o Belizário a tem tratado (que era exatamente do que ela carecia no relacionamento com o Wesley), ela parece estar realmente se apaixonando pelo crápula.
RD1: Penha é a nova Bibi Perigosa do horário nobre?
Clarissa Pinheiro: Achei o trabalho da Juliana Paes incrível. A Bibi Perigosa é uma personagem de viradas inesperadas como a Penha. Mas acredito que cada uma teve sua trajetória e motivações pessoais para entrar no mundo da bandidagem. Quem será a Penha, só o tempo dirá!
RD1: A autora Manuela Dias afirmou que não há personagens vilões ou mocinhos, na forma maniqueísta normalmente criada para as novelas. Belizário, por exemplo, teve um momento de compaixão ao poupar a morte de Estela. Como você acha que o público reage a esse “lado humano” dos malvados?
Clarissa Pinheiro: Teve gente na rua me dizendo que antes torcia para que eu me vingasse do Belizário, mas que agora a torcida era pelo romance dele com a Penha. Isso é interessante, porque essa dualidade humana existe e, ao ser tratada numa novela, deixa os personagens com camadas muitos mais profundas.
RD1: Como é repetir essa parceria com a Manuela? Você atuou em Justiça e estava na plateia do programa Ofício em Cena, da GloboNews, quando Manuela deu entrevista, com um olhar de muita admiração por ela…
Clarissa Pinheiro: De fato, sou muito fã dessa mulher! A Manuela é uma autora ousada, contemporânea. É uma honra representar mais uma personagem escrita por ela.
RD1: Você tem um diálogo aberto sobre a Penha com a autora e os diretores? Discutem sobre o futuro da personagem, dá pitacos, esse tipo de coisa?
Clarissa Pinheiro: Tanto a Manuela, quanto o Zé Villamarim e os demais diretores são pessoas extremamente acessíveis. Tenho diálogo aberto com todos. Com relação ao futuro da personagem, deixo nas mãos de quem domina. Adoro quando chegam os textos novos e preciso criar em cima deles.
RD1: Você veio do cinema e ainda não tinha experimentado pra valer esse ritmo industrial que é fazer uma novela. Quais são as principais diferenças entre as produções? Você teve medo de embarcar numa obra aberta, onde não sabia qual seria o destino de sua personagem?
Clarissa Pinheiro: Embarcar numa obra aberta está sendo uma experiência enriquecedora. Acho que o que muda é que nos filmes e séries a curva do personagem é traçada do início ao fim, e filmamos por um período relativamente curto. Já na novela, vamos convivendo com a personagem durante meses, descobrindo mais e mais a seu respeito com o avançar dos capítulos. É uma nova experiência de composição.
RD1: Muita gente esperava o reencontro da Penha com a Lídia, depois da acusação de roubo. Você acompanhou a reação do público?
Clarissa Pinheiro: A repercussão foi maravilhosa. Acho que muita gente ficou de alma lavada depois da cena em que a Penha diz boas verdades para a Lídia.
RD1: Aliás, as cenas entre as duas foram marcadas por uma relação muito abusiva. Você ouviu relatos de pessoas que também passaram por isso? E o vaso sanitário quebrado rendeu muita repercussão, né?
Clarissa Pinheiro: As pessoas estavam inconformadas com esse tipo de tratamento da Lídia. É, de fato, uma situação chocante e que, sim, acredito existir na vida real.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].