Referência no jornalismo brasileiro, Adriana Araújo voltou a ancorar um telejornal na TV aberta no último dia 4, com a estreia do Boa Tarde São Paulo. Agora, a jornalista empresta sua credibilidade a outra grife do segmento, o Grupo Bandeirantes.
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Em entrevista exclusiva ao RD1, Adriana fala da volta ao vídeo, do processo de formatação do noticiário, da ida para a Band e do desejo de falar olhando no olho dos telespectadores.
Além disso, Araújo lista os desafios de comandar um telejornal em tempos de muitas notícias falsas e elenca uma série de referências na profissão. “Comecei minha carreira na Globo como trainee de editora e depois repórter do Jornal Nacional e, claro, a referência era a Fátima Bernardes”, entrega.
Confira o bate-papo na íntegra:
Estrear um jornal na Band, emissora conhecida por ser uma grife no jornalismo, é uma grande responsabilidade. Como tem sido este momento de mudança para sua carreira?
Vou te responder com as palavras que disse na estreia do Boa Tarde São Paulo. Que saudade, que alegria e que responsabilidade! Estou muito feliz por voltar a fazer o que eu mais gosto. E é uma honra entrar para o time da Band, que tem uma história ligada ao Jornalismo com credibilidade. Vejo esse momento na minha carreira como uma renovação. Tenho 26 anos de TV, mas energia de iniciante e isso é muito bom.
O jornalismo ao vivo vem sendo cada vez mais usado pelas emissoras abertas nos programas de entretenimento como ferramenta de informação ao público. Como você vê o papel do jornalismo nesse momento da sociedade em que notícias falsas disputam a atenção do público?
Informação é uma necessidade humana. Todos nós queremos saber o que está acontecendo. Isso muda o dia, muda a vida. Estar bem informado faz diferença nas nossas decisões, nas nossas escolhas, no nosso futuro. E atualmente nossa missão de informar a sociedade se tornou ainda mais relevante e difícil. Por isso, acho muito positivo que o entretenimento busque cada vez mais a conexão com o Jornalismo. Temos que somar esforços para vencer tempos sombrios de fake news. Aliás, essa expressão não deveria nem existir porque se é fake, não pode ser notícia. São duas palavras incompatíveis.
Comandar um jornal no horário do almoço é comprar uma briga “grande”. Como foram os preparativos do Boa Tarde São Paulo e o que o informativo quer trazer de diferente em comparação aos concorrentes?
Sou tranquila quanto a esta suposta “briga”. Na verdade, vejo da seguinte forma: estou chegando na tela da Band, 2h da tarde, com um produto que é 100% jornalismo, notícia, apuração bem feita e repórteres ao vivo para deixar nosso público bem informado no começo da tarde. Estamos oferecendo Jornalismo feito com credibilidade e empatia, um telejornal que conversa com o telespectador. Quem se interessar por esse produto, estamos na área. É só chegar.
Na formatação do BTSP, houve inspiração em algum telejornal ou âncora que marcou a história da TV, como quadros por exemplo?
O Boa Tarde São Paulo não tem quadros fixos. Até porque, como a prioridade é a informação do momento, tudo muda de acordo com o cardápio de notícias do dia. O que eu mais gosto de fazer na TV é jornalismo ao vivo, sem TP, sem amarras, como tive oportunidade de fazer em grandes plantões jornalísticos nos últimos anos. Muitos âncoras me inspiram, mas o caminho veio também da minha história na TV.
Quais foram, e são, suas inspirações ao longo da carreira?
Comecei minha carreira na Globo como trainee de editora e depois repórter do Jornal Nacional e, claro, a referência era a Fátima Bernardes. Minha xará (sou Adriana Fátima Araújo no RG). Mas, como naquele momento ser apresentadora parecia distante, minhas referências eram os repórteres e correspondentes: Pedro Bial, Glória Maria, Sandra Passarinho e sempre acompanhei com grande admiração o trabalho do Caco Barcellos. [Ricardo] Boechat foi um gênio na rádio e na TV. Infelizmente, não tive a chance de trabalhar com ele. Lembro do Carlos Nascimento na cobertura da morte do Tancredo Neves. Eu era uma adolescente atenta. São profissionais que admiro muito e que certamente me influenciaram.
Já tivemos a oportunidade de conversar em coletivas de imprensa e pude observar seu lado, digamos, desinibido durante a apresentação das novidades na emissora. Já pensou na oportunidade de apresentar uma revista eletrônica ou algum programa mais voltado para a linha do entretenimento?
Janelas abertas para as boas surpresas do universo (risos). Como te disse, vejo o entretenimento e o jornalismo próximos. Se algum dia esse for o meu caminho, acontecerá! Mas minha realidade no momento é o Boa Tarde São Paulo e estou cuidando com muito carinho desse projeto.
Como se deu o convite da Band e como foi a recepção do jornalismo da emissora nas figuras de Rodolfo Schneider e Fernando Mitre?
Desde o começo, o convite foi para criar um novo projeto, um jornal para São Paulo na faixa vespertina. Aceitei e considerei um bom desafio por poder fazer um jornal com a minha cara, com o meu jeito de apresentar. O Fernando Mitre é um farol para a redação, uma referência para todos nós pela história de 50 anos no jornalismo, em grandes coberturas em momentos difíceis que o país já viveu. Ter um chefe como o Mitre, com o respeito que ele tem pela notícia, faz muita diferença, especialmente em momentos de crise. E o Rodolfo Schneider é um chefe muito aberto ao diálogo, sábio na administração das pessoas e do tempo em que os projetos devem nascer. Pode acreditar: estou bem de chefe e isso reflete no meu trabalho.
O que você sentiu após a estreia do noticiário? De acordo com números consolidados de audiência, a Band chegou a ficar em terceiro lugar no ranking das emissoras abertas.
Fiquei feliz, claro, com o resultado. Mas sou muito focada na qualidade do produto e do meu trabalho. Sou aquela que vai sempre se perguntar diariamente: onde eu posso melhorar, onde o jornal pode melhorar? O telespectador não é e não pode ser apenas um número. A conexão com o meu público é o que eu busco.
Você fica de olho nos dados de audiência? No jornal ao vivo você pede para falarem os números no seu ponto eletrônico?
Nunca peço os números. Quando entro no estúdio, olho para a câmera e penso que minha tarefa é informar bem quem me assiste. Olho no olho, como se estivesse na sala de cada telespectador. Essa é a mágica da TV: você entra na casa das pessoas. Se são mil casas ou um milhão de casas, nem penso nisso. Só penso que quero cada um deles perto de mim, bem informado. Por isso, faço questão de dizer: olá, boa tarde para você! Cada um que estiver conectado comigo é muito bem-vindo.
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!