A Globo precisou repensar o modelo de planejamento para as próximas novelas, diante das duras críticas que Nos Tempos do Imperador vem recebendo, após uma cena ser apontada como inadequada por indicar “racismo reverso”.
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Isso porque, segundo a colunista Cristina Padiglione, uma vez que a trama está praticamente toda gravada, não será possível redefinir os rumos da história, corrigindo o erro admitido inclusive pela coautora Thereza Falcão.
A situação mostra que, apesar de considerar que gravar as tramas com antecedência seja uma boa alternativa para reduzir custos, agilizar a produção e evitar contratempos, a antecipação limita a criação e não atende à interação do público.
Na sequência considerada polêmica, Jorge/Samuel (Michel Gomes) sugere que Pilar (Gabriela Medvedovski) não foi aceita como moradora da Pequena África, ambiente reservado a escravizados fugitivos ou alforriados, por ser branca.
“Como queremos ter os mesmos direitos se fazemos com os brancos as mesmas coisas que eles fazem com a gente?“, questiona o namorado. A jovem diz reconhecer seus privilégios e compreender a decisão do líder da comunidade.
A cena, porém, foi rechaçada por grandes lideranças de movimentos negros, a exemplo de AD Júnior, ativista negro, influenciador e apresentador responsável pela chegada ao Brasil do Trace Trends e Trace Channel, de cultura afro.
“Mas gente quem pensou essa cena? São cenas como essa que viram verdades para pessoas desinformadas sobre o período da escravidão. A fala de um homem negro no período da escravidão dessa forma seria tão bizarra que chega a assustar quem assiste a uma cena dessas. Quem foi o ser que escreveu esse texto?“, indagou.
Quem também se manifestou sobre o assunto foi a jornalista e atriz Maíra Azevedo, a Tia Má. “Eu li umas três vezes o diálogo e fiquei imaginando quem propôs o texto e a sensação do ator ao ter que falar o que estava no roteiro, e se por um segundo a equipe imaginou o quanto uma cena de alguns segundos pode colaborar para uma ideia equivocada“, iniciou.
Já Thereza assumiu o erro e pediu desculpas nas redes sociais.
“Foi péssimo. Pedimos muitas desculpas. Eu mesma quando vi a cena aqui em casa, falei: o que foi isso? Todos os capítulos que vão ao ar até o 24 foram escritos em 2018, gravados na ampla maioria em 2019. Na época não contávamos com uma assessoria especializada, o que só aconteceu no ano passado, com a entrada do [pesquisador de cultura afro-brasileira] Nei Lopes. Hoje assisto a muitas cenas com uma sensação muito longínqua. Mais uma vez pedimos desculpas por cometer um erro grosseiro como este“, lamentou.
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