Na última semana, a Globo emitiu comunicado, assinado pelo diretor geral Carlos Henrique Schroder, acerca da saída de Gloria Perez do departamento destinado à aprovação e produção de séries, Casa dos Roteiristas, rumo à supervisão da novela de estreia de Alessandra Poggi às 21h. Gloria era o “braço direito” de Silvio de Abreu, diretor de dramaturgia da emissora, na análise de projetos mais curtos do que as novelas – estas a cargo, apenas, de Silvio. Acontece que este colunista “flagrou” a resposta de Perez a um seguidor no Instagram, que a questionou sobre o eventual retorno da novelista ao gênero: “Depois dessa supervisão vou começar a pensar na minha [novela]! Só mais um pouquinho e eu volto“, disse ela. Segundo o comunicado da emissora, porém, Gloria Perez voltaria, após a supervisão, para as séries.
O processo de implantação de uma novela consome, chutando baixo, um ano. Como Gloria poderá reassumir a Casa dos Roteiristas se, após doze meses de dedicação à sinopse de Alessandra Poggi, ela terá de criar sua própria trama, o que exige dedicação em tempo integral? Creio que a autora não voltará ao comando da Casa dos Roteiristas – onde desenvolveu trabalhos, todos ainda inéditos, como “Eu, a minha avó e a Boi”, de Miguel Falabella. A saída dela do setor, para a supervisão de uma novela, talvez tenha sido acompanhada de um ruído nos bastidores, nunca se sabe. Fato é que a expectativa tanto para a novela de Poggi, quanto pela de Perez – da incrível “A Força do Querer” (2017) – é grande. Sucesso para as duas, para a Casa dos Roteiristas e para nós.
Falando nisso…
A Globo precisa otimizar seu calendário de séries. Há produções gravadas faz tempo que levam anos para chegar à TV aberta – caso de “Cine Holliúdy”, com estreia agendada para a próxima terça-feira (7). Há projetos concluídos, já anunciados, como “Aruanas”, sem quaisquer perspectiva de lançamento via Globoplay. A sensação, para o público, é de que falta organização.
A Record, enfim, divulgou as chamadas de “Topíssima”, novela de Cristianne Fridman que substitui o repeteco de “A Terra Prometida” (2016), às 19h45, no próximo dia 21. Em destaque, o casal protagonista Sophia (Camila Rodrigues) e Antônio (Felipe Cunha). O enredo soa paupérrimo, mas a produção, ao que parece, não deixa nada a dever às tramas exibidas pela emissora em meados da década passada, como “Prova de Amor” (2005) e “Amor e Intrigas” (2007). Enfim, cenários contemporâneos em meio às reconstruções bíblicas, que dominam a dramaturgia da casa há quase cinco anos.
Camila Rodrigues fala sobre sua personagem em #Topíssima, a nova novela da @recordtvoficial. Para a atriz, Sophia é uma mulher inteligente, criativa e forte. A trama estreia no dia 21 de maio, terça-feira, às 19h45. Não perca! pic.twitter.com/LQp5mRLRhq
— Record TV (@recordtvoficial) 4 de maio de 2019
Felipe Cunha interpreta Antonio em #Topíssima, um honesto taxista morador do morro do Vidigal. A nova novela da @recordtvoficial, estreia no dia 21 de maio, terça-feira, às 19h45. Não perca! pic.twitter.com/fqRegrp03h
— Record TV (@recordtvoficial) 4 de maio de 2019
Deixo claro que não tenho absolutamente nada contra os folhetins bíblicos. Mas também não tenho nada a favor. A Record é capaz de produzir boas novelas, destinadas não só ao eleitorado da Igreja Universal do Reino de Deus, enredado pelas narrativas supervisionadas por Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, chefe tanto da emissora, quanto do grupo neopentecostal. A audiência registrada pelo canal na última quinta-feira (2), com a reapresentação da urbaníssima “Bela, a Feia” (2009) coladinha na inédita, e bíblica, “Jezabel”, mostra que não sou o único a preferir novelas com temática mais próximas de nossa realidade…
A Globo Portugal lançou, na última quinta-feira (2), a enquete que irá eleger a substituta de “Espelho da Vida” às 20h50. Disputam a faixa “Coração de Estudante” (2002), de Emanuel Jacobina, e “Escrito nas Estrelas” (2010), de Elizabeth Jhin. O resultado será divulgado no próximo dia 20. E a coluna alerta: não se espante, caso, em breve, uma das duas concorrentes pinte por aqui, via Canal Viva ou “Vale a Pena Ver de Novo”. Nos últimos anos, o “intercâmbio” de novelas, entre a Globo, aberta ou fechada, daqui e a de lá, tornou-se “recorrente”.
Apenas para contextualizar o parágrafo anterior: em 2014, a Globo Portugal exibiu “Caras e Bocas” (2009), então cartaz do “Vale a Pena Ver de Novo”; o mesmo se deu no ano seguinte com “O Rei do Gado” (1996) e em 2017 com “Senhora do Destino” (2004). “Torre de Babel” (1998) pintou na “terrinha” antes de chegar ao Viva; já “Pedra Sobre Pedra” (1992) fez o caminho inverso. Em 2018, o público além-mar acompanhou a íntegra de “Bebê a Bordo” (1988), tesourada pelo canal fechado, e preteriu “A Indomada” (1997), então no ar no Viva, numa disputa com “Rainha da Sucata” (1990).
No momento, a Globo Portugal exibe “Terra Nostra” (1999), “O Cravo e a Rosa” (2000) e a temporada 2007 de “Malhação”. Todas estas podem ser vistas, no Brasil, através do Canal Viva. E na última segunda-feira (29), enquanto entrava em sua última semana no “Vale a Pena Ver de Novo”, por aqui, “Cordel Encantado” (2011) inaugurou uma nova faixa de novelas lá.
Ligo
“O Álbum da Grande Família”. É uma prazer ligar à TV por volta de 15h30 para conferir as confusões de Lineu (Marco Nanini), Nenê (Marieta Severo) e seus filhos, parentes e agregados – como a hilária Marilda (Andréa Beltrão). Desacreditei o compilado de episódios do seriado lançado em 2001, por ocasião de sua estreia nas tardes, em janeiro. Agora estou pagando a língua com gosto! Nas redes sociais, porém, há quem sugira, para um futuro próximo, a substituição do seriado lançado em 2001 pelo também ótimo “Tapas & Beijos” (2011). Mas… Sem querer desacreditar, de novo, e já desacreditando: será que as agruras de Fátima (Fernanda Torres) e Sueli (Beltrão), ou qualquer outra produção, manteriam os bons índices da família Silva?
Desligo
“Fofocalizando”. Nada é tão ruim que não possa piorar. É o caso do vespertino do SBT, que após claudicar em seu início com controversas figuras como Homem do Saco (Dudu Camargo) e Mara Maravilha, encontrou seu ponto de equilíbrio. Acontece que, tempos depois, Leo Dias e Lívia Andrade começaram a mobilizar a atenção. Lamentavelmente, ambos se viram sob os holofotes por mazelas pessoais – ele, em luta contra as drogas; ela, nas picuinhas com a ex-colega de sofá, alimentadas pelo “patrão” Silvio Santos. O programa voltou a cair até chegar no estado lastimável em que se encontra agora: quadros débeis como “Doeu no ouvido, foi destruído”, além de VTs e matérias no melhor estilo “TV Fama”, da RedeTV!. Vai mal…
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.