Intérprete de Lito na série As Five, do Globoplay, plataforma da Globo, Matheus Campos, revelou que foi vítima de racismo por parte de um motorista de Uber da cidade de São Paulo.
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Em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, o ator contou que estava em área nobre no centro da capital, quando pediu uma corrida e foi deixado para trás pelo motorista do aplicativo.
“Foi uma ação não muito surpreendente para mim, porque já aconteceram seguidas vezes”, contou ele, que mora em uma das áreas mais movimentadas de São Paulo. “Então é difícil para os carros pararem. Assim que saí do prédio e acenei para o motorista me enxergar, ele acelerou o carro e se distanciou de mim. Fui seguindo pela calçada e ele, pela avenida”, lembrou.
Matheus revelou prestou queixa forma à Uber, mas deixou claro que não desejaria que o motorista perdesse o seu posto de trabalho. “Não gostei de como se deu o contato da empresa. O atendente pediu que eu fizesse a denúncia contra o motorista, mas não acho que as pessoas que prestam um serviço tão precário têm que ser demitidas. Sou a favor da orientação, da instrução“, ponderou.
“Quis saber se eles iam demitir o funcionário. Eles disseram que não empregavam ninguém, que só faziam parcerias, mas deixar outra pessoa desempregada em São Paulo passa a ser um problema de todos nós. Eu queria que um diálogo com esse motorista fosse criado para que ele fosse qualificado. Não é porque ele foi racista comigo que quero punição”, solidarizou o artista.
“Registraram minha reclamação, houve o diálogo, mas queria saber o que de fato seria feito com ele, disseram que a ação era sigilosa, decidi conversar com alguns amigos para entender. E por enquanto, o procedimento está parado“, contou o ator da Globo.
Ainda na entrevista, ele ainda confidenciou que esta situação não foi inédita em sua vida. “Noutra ocasião, o motorista me perguntou se eu estava indo a uma região periférica da cidade, respondi que não, mas que, se estivesse isso não deveria ser levado em consideração. E ele só me perguntou isso porque associou minha cor à periferia“, declarou.
“Claro que entra o medo com que todos [nós] vivemos, mas entram preconceito e racismo, obviamente. O racismo é problema nosso de sociedade, de Brasil. Nós, como nação, temos traumas que não conseguimos resolver”, finalizou.
Em nota, a Uber declarou que “considera inaceitável a discriminação relatada pelo usuário” e ressaltou “a importância de reportar esses incidentes” pelo próprio aplicativo.
“Este tipo de comportamento configura violação ao Código de Conduta da Comunidade Uber. A conta do motorista em questão foi desativada da plataforma e a empresa está à disposição para colaborar com as autoridades responsáveis para investigação do caso”, completou a empresa, em comunicado.
