O biógrafo de Roberto Carlos, Paulo César de Araújo, finalmente vai conseguir lançar o seu livro com total autonomia. Em 2006, ele chegou a lançar o Roberto Carlos Em Detalhes, mas acabou tendo a obra censurada. Na época, a legislação brasileira dava poder ao biografado de proibir que um texto fosse publicado sem sua autorização.
VEJA ESSA
O caso de censura, porém, motivou o Supremo Tribunal Federal a mudar a legislação mais adiante. Desde de 2015 está permitida a publicação de biografias não-autorizadas.
Agora com o Roberto Carlos Outra Vez (Record, 94,90 reais), em que revê momentos da vida do artista a partir de suas canções mais famosas, o autor analisa cinquenta músicas lançadas entre 1941 e a década de 1970.
Em entrevista à Veja, Paulo César relembrou a briga na Justiça com o cantor. “Foi o Roberto Carlos que me incluiu na biografia dele. Agora, realmente, hoje não existe a possibilidade de falar da história do Roberto sem falar do que aconteceu comigo”, disparou.
“Essa censura do Roberto Carlos foi um dos acontecimentos que mais marcaram a vida do cantor nos últimos anos. É importante dizer que ele tem uma visão patrimonialista da história. Ele acha que é dono da sua própria história, assim como uma pessoa pode ser dona de um automóvel ou de um terreno. Foi por essa lógica que ele pediu a minha prisão”, comentou.
O escritor ainda ressaltou: “Meu ‘crime’ foi me apropriar indevidamente da história dele. Ele acredita que a história dele é particular e quem a ‘invade’ comete o mesmo crime que quem invade um terreno ou rouba um carro. Claro que junto com isso tem o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Nos últimos anos, o Roberto não mudou seu pensamento. Ele apenas está encarando a realidade, já que o contexto hoje é outro”.
Roberto Carlos cancelado?
Na entrevista, o biógrafo foi questionado se “cancelaria” o Rei. “Não cancelaria. O cancelamento surge após uma pessoa ser envolvida numa situação surpreendente, que parece incompatível com ela”, garantiu.
“Essa visão de censura dele já é algo que ele vem expressando desde os anos 70, 80, 90. Eu acho que quem foi surpreendido foi o próprio Roberto”, garantiu.
O escritor ainda lembrou: “Porque desde os anos 70 ele vinha no piloto automático, processando quem o desagradasse e nada acontecia com ele. Ele processava jornalistas e jornais sem maiores consequências. Quando ele veio para cima de mim, foi nesse mesmo embalo, só que o contexto da sociedade era outro. Para mim, o que me surpreendeu foram o Caetano e o Chico”.
“Como é que pode os caras que cantaram É Proibido Proibir e Cálice defenderem a proibição de livros? Eles criaram o movimento Procure Saber. O Roberto Carlos, nós já conhecemos. Mas o Caetano é autor de livros. Chico Buarque é um escritor premiado. A questão com eles se tornou muito mais complexa nesse sentido. Aquilo foi incompatível com a história dos dois”, disparou.
A Redação do RD1 é composta por especialistas quando o assunto é audiência da TV, novelas, famosos e notícias da TV. Conta com jornalistas que são referência há mais de 10 anos na repercussão de assuntos televisivos, referenciados e reconhecidos por famosos, profissionais da área e pelo público. Apura e publica diariamente dezenas de notícias consumidas por milhões de pessoas semanalmente. Conheça a equipe.