Christiane Torloni saiu em defesa da reprise de Fina Estampa após as inúmeras críticas contra o conteúdo da novela. Exibida originalmente em 2011, a trama escrita por Aguinaldo Silva apostou em temas como homofobia, machismo e agressão contra a mulher. Para a web, o modo como a novela foi abordada não cabe nos dias atuais.
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Vilã da história, Christiane disse à jornalista Patricia Kogut, do jornal O Globo, que o autor foi corajoso em escrever a novela na época “correndo todos os risos de ser politicamente incorreto e botando na boca dos personagens coisas que hoje o politicamente correto condenaria”, e completou: “E é para isso que existe a ficção. Você já viu governo mais politicamente incorreto que esse?”.
Torloni ressaltou que Fina Estampa “é uma ficção” e que por isso “você pode e deve ser livre”. “Difícil é a liberdade que determina morte e vida das pessoas. A arte não tem compromisso e não deve ter. É libertadora por isso. Quando fiz uma cleptomaníaca, por exemplo (Haydée de América). É terrível, é verdade, existem pessoas que têm essa doença. Aí você faz o quê? Tranca num quarto e finge que não existe? O ser humano precisa do espelho da arte. Isso o liberta”, apontou.
“O que não pode ser politicamente correto é o governo, que faz com que as pessoas estejam passando fome, morrendo sem respirador. Que tem corrupção e está queimando a Amazônia inteira, entregando ouro para bandido. Queimar a Amazônia é imperdoável. Não é fazer Fina Estampa que é”, disparou.
A atriz de 63 anos não concordou com a fala de Marco Pigossi sobre a novela, de que não deveria ser reprisada, mas ponderou: “O nome disso é democracia. Ele tem o direito de manifestar a opinião dele. Posso concordar ou não. Eu gosto da novela e adoro minha personagem. As pessoas têm o direito de se arrepender de ter feito tal personagem. Eu não me arrependo de jeito algum. Se tivesse que fazer, faria de novo e me divertiria tanto quanto ou mais, porque acho que agora devo estar melhor como atriz do que há nove anos”.
Para ela, a reexibição do folhetim em pleno horário nobre foi “um prêmio de carreira”. “Eu tinha 80 e 100 cenas por semana. Foi um exercício. Quando a gente batia cem, eu levava tortas de chocolate e botava bandeiras de todos os times. Porque significava que eu tinha passeado por todos os cenários possíveis da novela”, comemorou. “Foi uma festa fazer. Uma festa trabalhosa. Agora está sendo uma festa rever sem o ônus do trabalho”, pontuou.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].