Diretor da Globo obrigou elenco negro de novela a gravar no pico da pandemia

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Dani Ornellas (Cândida) em Nos Tempos do Imperador; Globo investiga acusação contra diretor da novela (Imagem: Divulgação / Globo)

Em mais um capítulo da investigação da Globo sobre as acusações de preconceito e racismo contra Vinícius Coimbra, um detalhe veio à tona: o diretor, segundo relatos, escalou atores negros para gravações durante o pico da pandemia, enquanto o restante do elenco foi resguardado.

De acordo com o Notícias da TV, pessoas ligadas ao departamento de Compliance da Globo contaram que, segundo Cinnara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues, o elenco da pequena África era chamado de elenco preto ou negro.

“Em um dado momento, Vinicius gritou no estúdio: ‘O elenco vem comigo, os pretos ficam’. Na frente de várias pessoas”, disse uma pessoa ligada ao elenco de Nos Tempos do Imperador.

“Quando alguns artistas pretos foram questioná-lo sobre essas falas, ele reagiu dizendo: ‘Vocês deveriam agradecer de estarem aqui'”, relatou. A informação entrou na investigação da Globo.

Globo descobre segregação em gravação

Em documentos, diretor e equipe separaram as pessoas entre elenco branco e elenco negro. Camarins também foram separados. Ricardo Waddington, diretor de Entretenimento da Globo, e José Luiz Villamarim, diretor de Dramaturgia, foram avisados da situação.

No último dia 15 de fevereiro, Vinícius Coimbra foi afastado da direção artística de Mar do Sertão, a próxima novela das seis. Estrela da novela, Mariana Ximenes se uniu ao trabalho de denúncia feito por Cinnara, Dani e Roberta.

Gabriela Medvedovski e Letícia Sabatella se posicionaram a favor de uma intervenção da alta cúpula, que só se manifestou depois da enorme pressão das pessoas ligadas ao elenco da trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão.

Na denúncia, o trio responsável pelo início da pressão citou o “racismo reverso” exposto no folhetim e alvo de críticas.

Na ocasião, a novela insinuou que Pilar (Gabriela Medvedovski), uma mulher branca, estava sofrendo racismo por parte de Samuel (Michel Gomes), que é negro, numa situação fora do contexto histórico, já que a trama se passa no século XIX.

“Foi péssimo. Pedimos muitas desculpas. Eu mesma quando vi a cena aqui em casa, falei: o que foi isso? Todos os capítulos que vão ao ar até o 24 foram escritos em 2018, gravados na ampla maioria em 2019”, declarou Thereza, pedindo desculpas publicamente.

“Na época não contávamos com uma assessoria especializada, o que só aconteceu no ano passado, com a entrada do [pesquisador de cultura afro-brasileira] Nei Lopes”, contou na época.

Da Redação
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