Documentos mostram como Chico Anysio chocou censores da ditadura

Chico Anysio
Chico Anysio foi um dos humoristas que sofreu com a Ditadura (Imagem: Divulgação)

Uma censora da ditadura militar (1964-1985) ficou chocada quando assistiu à peça Ai? Quinto, de Chico Anysio e, em seguida, produziu um documento confidencial para o Serviço de Censura de Diversões Públicas, ligado à PF (Polícia Federal).

O caso aconteceu no dia 11 de agosto de 1997, segundo documentos do Arquivo Nacional, publicado pelo portal UOL. A censora ficou “horrorizada” que relatou tudo à chefia do órgão. Entre outras coisas, ela falou sobre uma série de palavrões e críticas à situação social e política do país.

“Foi, sem dúvida, uma agressão à plateia no mais podre exercício linguístico de baixo calão”, diz o documento. Em seguida, por ordem do chefe, a censora voltou para ver o espetáculo no dia 8 de setembro.

No entanto, desta vez, a atitude era uma clara ameaça de que, se aquilo se repetisse, Chico Anysio teria a peça censurada. “Contactamos [sic] com o artista, que se desculpou de haver no dia de nossa informação ter, talvez, se excedido na pornofonia, por empolgação da plateia”, afirma outro documento.

Este é um exemplo da perseguição dos militares a artistas que trabalhavam com humor no período mais duro da ditadura, a partir do AI-5 (Ato Institucional número 5), editado em 1968.

De acordo com documentos da época, piadas, charges ou qualquer insinuação cômica sobre a situação do país ou mesmo algo que deturpasse a moral e os bons costumes na visão do regime deveriam ser banidos.

Quem também sofreu represálias foi o cartunista Ziraldo. Um arquivo confidencial de setembro de 1974 mostra que o Ministério da Justiça determinou suspender um comercial da Caixa Econômica Federal que usava o personagem Jeremias, o Bom.

Isso porque “o referido humorista é suspeito de atividades ou, quando muito, de simpatizar com movimentos esquerdistas”. O ministério decide “recomendar à Caixa Econômica não autorizar a Agência a promover a reutilização do personagem ‘Jeremias, o Bom'”.

“Além disso, quer nos parecer que o humorista ZIRALDO não é o único a ter condições de influenciar o grande público a adquirir bilhetes da Loteria Federal”, diz documento.

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