Exclusivo: Antonio Calmon revela bastidores de Top Model e reflete sobre trajetória

Antonio Calmon

Antonio Calmon, autor de Top Model, celebra parceria com Walther Negrão e avalia trajetórias pessoal e profissional em entrevista exclusiva (Imagem: João Miguel Júnior / Globo)

Clássico das 19h, Top Model (1989) chega ao Globoplay nesta segunda-feira (23). A novela marcou a estreia do autor Antonio Calmon no gênero, após bem-sucedidos trabalhos no cinema e na série Armação Ilimitada (1985), que renovou a linguagem da TV em termos de texto e imagem. Calmon topou conversar com esta coluna do RD1 a respeito da trama e de seu momento atual.

Sincero e contundente em suas respostas, Antonio Calmon enaltece, abaixo, a parceria que estabeleceu em Top Model com Walther Negrão. Também admite que não acompanha reprises de seus folhetins – Cara & Coroa (1995) e O Beijo do Vampiro (2002) devem estrear no Canal Viva em breve. Por fim, reflete sobre sua trajetória e a possibilidade de uma nova empreitada.

RD1 – Top Model foi sua primeira novela. De que forma recebeu essa incumbência da Globo?

Antonio Calmon – Depois que o ‘Armação’ acabou, Daniel Filho quis imediatamente que eu escrevesse uma novela. Então chamou o Walther Negrão para formarmos uma parceria. E era também para que ele me ensinasse ‘o caminho das pedras’, ou seja, as regras até então não escritas da profissão. As pedras ocultas em que você deve pisar para atravessar o riacho sem se molhar, sem cair n’água e se afogar.

RD1 – Mas o grande público sempre associa a obra apenas a você, por conta das similaridades com seus trabalhos posteriores… Como foi a parceria com Walther Negrão?

Antonio Calmon – Deu tudo certo, o Negrão ainda supervisionou minhas duas novelas seguintes [Vamp e Olho no Olho, 1991 e 1993]. Devo muito a ele. Sinto-me culpado às vezes por as pessoas acharem que a o sucesso da novela deve-se a mim. O Negrão é um dos maiores autores da TV, mas sempre optou por um perfil discreto. E eu, um dos criadores do Armação Ilimitada estava inaugurando na novela o estilo pop, irreverente e revolucionário da minha geração. Isso pode ter chamado mais atenção, mas sem o Walther Negrão eu jamais teria aprendido a escrever novelas.

RD1 – Você costuma acompanhar as reprises de suas novelas? Pretende espiar Top Model ou Cara & Coroa e O Beijo do Vampiro, que chegam em breve ao Canal Viva?

Antonio Calmon – Não. Me deprime. Não sou mais aquela pessoa.

RD1 – Nas redes sociais, há a torcida por um novo trabalho seu. Existe essa possibilidade?

Antonio Calmon – Nenhuma. Comecei a trabalhar e a me sustentar aos 16 anos. Completei agora 75. São quase sessenta anos. Me considero um sobrevivente. Escapei do bullying, da homofobia, da repressão da ditadura e da ditadura cultural. Não fui contaminado pela AIDS. Só espero agora sobreviver a essa pandemia e aí renascer do fascismo. Mas quem quer viver para sempre?

RD1 – Quais personagens, e para quais atores, você sentia mais prazer em escrever?

Antonio Calmon – Vou citar apenas um: o genial Ney Latorraca [intérprete de Vlad e Nosferatu, de Vamp e O Beijo do Vampiro].

Quer saber tudo sobre Top Model? Relembre a matéria sobre os 30 anos do último capítulo, repleta de curiosidades, publicada aqui na coluna em maio deste ano. Clique aqui!

Duh Secco
Escrito por

Duh Secco

Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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