Fátima no JN e Bolsonaro no CQC: como era a TV na época de Fina Estampa?

Fina Estampa

Fina Estampa retornou à programação da Globo depois de 9 anos (Imagem: Divulgação / Globo)

Você se lembra como era a programação da TV na época de Fina Estampa? A novela que está de volta ao horário nobre da Globo desde 23 de março provavelmente te trouxe alguma boa memória afetiva de 2011 – ano em que ainda se podia assistir o programa de Hebe Camargo (1929-2012) e ver o presidente Jair Bolsonaro apenas como uma figura ridicularizada em programas humorísticos.

O RD1 selecionou 11 momentos importantes que marcaram a televisão na época em que Griselda (Lilia Cabral), Tereza Cristina (Christiane Torloni) e Crô (Marcelo Serrado) dominavam o horário nobre pela primeira vez.

Confira:

Fátima Bernardes dividia a bancada do JN com o então marido William Bonner (Imagem: Divulgação / Globo)

Fátima Bernardes apresentava o JN

O boa noite de Fátima Bernardes ainda dava as boas vindas às novelas das 21h em agosto de 2011. A saída da apresentadora na bancada do Jornal Nacional ocorreria apenas 4 meses depois da estreia de Fina Estampa, no dia 1º de dezembro daquele ano, culminando em importantes mudanças no jornalismo da Globo. Já o Encontro só seria lançado em junho do ano seguinte.

Também em agosto, antes de assumir o posto feminino na apresentação do JN como substituta de Fátima, Patrícia Poeta ainda dividia a apresentação do Fantástico ao lado de Zeca Camargo, seu parceiro desde 2008, que por sua vez só deixaria o comando da revista eletrônica em setembro de 2013, junto com Renata Ceribelli.

Xuxa vivia nova fase de seu programa na Globo

Xuxa vivia nova fase de seu programa na Globo (Imagem: Divulgação / Globo)

Xuxa tentava a sorte nas tardes da Globo

Xuxa Meneghel comandava a primeira temporada vespertina do TV Xuxa, em mais uma tentativa da Globo de encontrar um formato atraente para atingir um público mais abrangente para a eterna Rainha dos Baixinhos, que desde 2008 vinha sofrendo com diversas mudanças no formato de seu programa.

O fato é que, nesta época, a apresentadora estava curtindo os seus últimos momentos de reinado na emissora, já que no ano seguinte o TV Xuxa sofreria ainda mais mudanças, entre elas mais duas trocas de diretores – Mário Meirelles e Boninho, o que acabou culminando no fim da atração e na demissão da loira em 2014.

A ida de Xuxa à Record aconteceria apenas em fevereiro de 2015

Hebe ainda estava no ar, mas enfrentava problemas financeiros da RedeTV!

Hebe ainda estava no ar, mas enfrentava problemas financeiros da RedeTV! (Imagem: Divulgação / RedeTV!)

Hebe se despedia de seu público

Hebe Camargo ainda podia ser prestigiada pelos brasileiros, mas não na emissora que a consagrou por 24 anos como um dos maiores nomes da televisão brasileira. A apresentadora comandava o seu programa na RedeTV!, onde havia sido contratada em março daquele ano, mas deixaria o canal no ano seguinte por falta de pagamento.

Enquanto enfrentava novas sessões de quimioterapia para tratar um câncer no peritônio, a loira chegou a acertar o seu retorno ao SBT, que acabou não acontecendo por conta do agravamento da doença. Hebe morreu em 29 de setembro de 2012.

Pânico também enfrentava problemas na RedeTV!

Pânico também estava com seus dias contados na RedeTV! (Imagem: Divulgação / RedeTV!)

Com trupe raiz, Pânico na TV era a maior atração da RedeTV!

O Pânico na TV ainda ostentava o seu formato tradicional em 2011, com Wellington Muniz (Silvio), Rodrigo Scarpa (Vesgo), Márvio Lúcio (Carioca), Nicole Bahls, Daniel Zukerman, Sabrina Sato, entre outros, mas também saía do ar naquele ano por conta da crise financeira que a emissora enfrentava.

Em abril de 2012, o programa foi transferido para a Band, onde permaneceu no ar até 2017. Sabrina Sato, a musa do humorístico, deixou a emissora antes, em 2014, para se tornar apresentadora na Record.

Maísinha comandava a programação infantil do SBT (Divulgação / SBT)

Maisinha comandava a programação infantil do SBT (Imagem: Divulgação / SBT)

Maisa comandava programas infantis

Em agosto de 2011, Maisa Silva tinha apenas 11 anos de idade e ainda comandava o Bom Dia & Cia e o Carrossel Animado no SBT. Só dois meses depois a então estrela mirim deixou os infantis para estrear como atriz em Carrossel, como Valéria, papel que também interpretaria em Patrulha Salvadora (2014). Hoje, no comando do Programa da Maisa, a ex-menina prodígio continua sendo um dos maiores nomes do SBT

Gentilli estreava na Band o seu Agora é Tarde (Divulgação / TV Band)

Danilo Gentili estreava na Band o seu Agora é Tarde (Imagem: Divulgação / Band)

Danilo Gentili estreava como apresentador

A Band levava ao ar um projeto antigo do então repórter do CQC Danilo Gentili, o Agora é Tarde. Nos seus primeiros meses de exibição, o talk show enfrentou diversos problemas nos bastidores, entre eles a falta de convidados, que tiveram receio do humor ácido do apresentador – Paulo Maluf, por exemplo, alegou agenda cheia para não participar da estreia da atração.

Em pouco tempo, entretanto, o Agora é Tarde se consolidaria como um dos maiores sucessos de audiência e faturamento da Band até 2013, quando Danilo Gentili deixou a emissora para comandar uma atração nos mesmos moldes no SBT, o The Noite.

Grande público descobria o talento de um rapaz chamado Domingos Montagner (Divulgação / TV Globo)

Público das novelas descobria o talento de um rapaz chamado Domingos Montagner (Imagem: Divulgação / Globo)

Domingos Montagner estreava nas novelas da Globo

Depois de pequenas participações em séries e minisséries, Domingos Montagner estava fazendo sua estreia em novelas da Globo em Cordel Encantado, na faixa das 18h. Na trama de Duca Rachid e Thelma Guedes, o ator dava vida ao Capitão Herculano, chefe de um grupo de cangaceiros e pai do protagonista Jesuíno, personagem de Cauã Reymond.

O excelente desempenho rendeu ao ator o papel de protagonista na minissérie O Brado Retumbante, exibida no ano seguinte, além de personagens em destaque nas novelas Joia Rara (2013), Sete Vidas (2015) e Velho Chico (2016) – esta última marcada pelo trágico acidente que tirou sua vida. Domingos morreu afogado nas águas do Rio São Francisco durante um intervalo de gravações da trama no dia 15 de setembro de 2016.

Bruna Marquezine e Fiuk em cena de Aquele Beijo (Divulgação / TV Globo)

Bruna Marquezine e Fiuk em cena de Aquele Beijo (Imagem: Divulgação / Globo)

Bruna Marquezine era uma atriz teen

Com apenas 15 anos de idade, Bruna Marquezine estava se despedindo de suas personagens infanto-juvenis na TV. A atriz interpretava a Belezinha, a adolescente que sonhava em ser miss na novela das sete Aquele Beijo, e formava par romântico com o cantor Fiuk.

Só nos anos seguintes Bruna começaria a despertar a atenção do público adulto pela mudança de perfil de seus papéis, como a sensual Lurdinha de Salve Jorge (2012) – que lhe causou traumas por conta da exposição ao corpo, a Luíza de Em Família (2014) e a provocante Beatriz da minissérie Nada Será Como Antes (2016).

Em 2011, Rebelde era mania entre o público teen

Em 2011, Rebelde era mania entre o público teen (Imagem: Divulgação / Record)

Chay Suede estreava como ator

A adaptação brasileira de Rebelde, produzida pela Record em parceria com a Televisa, estava fazendo sucesso em 2011 e foi responsável pelo lançamento do ator Chay Suede, hoje um dos maiores nomes da dramaturgia da Globo. Micael Borges, Sophia Abrahão, Lua Blanco, Arthur Aguiar e Mel Fronckowiak também foram alçados ao sucesso por conta da grande repercussão da trama entre o público adolescente.

Volta de clássicos também marcou 2011 (Montagem / RD1 - Imagens / TV Globo)

Volta de clássicos também marcou 2011 (Imagem: Divulgação –  Globo / Montagem – RD1)

O Clone e o Rei do Gado voltavam a fazer sucesso

As reprises de novelas também marcaram o ano em que se comemorou seis décadas da teledramaturgia brasileira. No Vale a Pena Ver de Novo, O Clone foi revista pela primeira vez depois de dez anos. A trama de Glória Perez foi uma das tramas mais longas no horário de reprises e marcou uma das melhores audiências da década.

A reexibição O Rei do Gado também fez bonito. O folhetim de Benedito Ruy Barbosa chegou a liderar a audiência do Viva na TV paga por várias semanas consecutivas, o que contribuiu para uma reprise inesperada do clássico no Vale a Pena Ver de Novo 4 anos depois, se consagrando novamente como um dos maiores sucessos da TV.

Antes do planalto, Bolsonaro era apenas uma figura polêmica do SuperPop e CQC

Antes do Planalto, Bolsonaro era apenas uma figura polêmica do Superpop e CQC (Imagem: Reprodução / RedeTV!)

Bolsonaro era personagem do CQC e Superpop

Em 2011, o público menos exigente poderia acompanhar debates entre o então deputado Jair Bolsonaro e subcelebridades polêmicas da mídia, como Luisa Marilac e Agnaldo Timóteo no programa Superpop, sempre envolvendo a sexualidade como tema.

O atual presidente da República também foi entrevistado diversas vezes pelo CQC, onde deu declarações incendiárias. Em um dos casos mais famosos, a cantora Preta Gil perguntou ao político o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma negra. Bolsonaro respondeu que “não corria esse risco” já que os filhos foram bem educados.

Segundo Monica Iozzi, ex-repórter do programa, deputados como Jair Bolsonaro eram entrevistados como forma de denúncia, para “mostrar ao público o péssimo nível dos parlamentares que estavam elegendo”. “Jamais imaginaríamos que muitas pessoas se identificariam com ele”, disse a apresentadora em uma live no Instagram em 2018.

Daniel Ribeiro
Escrito por

Daniel Ribeiro

Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].