Fenômeno do SBT, Poliana já deu as caras na TV Tupi e foi sucesso em 1956

John Herbert foi destaque no elenco da antiga “Pollyana” (Imagem: Divulgação)

Desde sua pré-produção, “As Aventuras de Poliana” se gaba do mérito de ser o “primeiro título inédito” do filão de novelas infantis do SBT. De fato, o atual trabalho de Íris Abravanel é pioneiro em desenvolver um roteiro próprio, ao invés de tomar como base o texto de um folhetim mexicano ou argentino.

No entanto, há que se lembrar que a história protagonizada pela menina Sophia Valverde tem como ponto de referência o livro britânico “Pollyanna”, de Eleanor H. Porter – que, por sinal, já gerou outra adaptação de grande sucesso na televisão brasileira, há quase 60 anos.

O ano era 1956, época em que a TV dava seus primeiros passos nos lares tupiniquins e o videotape ainda sequer existia, de modo que as telenovelas eram exibidas ao vivo, com apenas dois ou três capítulos semanais. Foi nesse contexto que Tatiana Belinky, escritora russa naturalizada brasileira, convenceu a TV Tupi a produzir o que seria a primeira telenovela infanto-juvenil de nossa história.

A ideia da autora era apostar com “Pollyana” (com um ‘n’ só) no mesmo público que vinha garantindo o sucesso da versão televisiva do “Sítio do Picapau Amarelo”, também assinada por ela. Até mesmo para assegurar a identificação entre um projeto e outro, parte do elenco do “Sítio” também foi escalado para “Pollyana” e revezava-se entre as duas produções. Por exemplo, Lúcia Lambertini, que no seriado inspirado em Monteiro Lobato vivia Narizinho e, na nova empreitada, dava vida à simpática criada Nancy – hoje interpretada por Rafaela Ferreira em “As Aventuras de Poliana”.

Verinha Darcy viveu a pequena protagonista de “Pollyana” (Imagem: Arquivo)

O papel da doce garotinha protagonista, dona de um otimismo inesgotável, coube à então atriz-mirim Verinha Darcy, de apenas 12 anos. Órfã de mãe desde o nascimento, ela perdia o pai – um missionário evangélico – e acabava ficando aos cuidados de sua tia Polly Harrigton (Wilma Camargo), uma mulher amargurada que se encarregava da criança apenas por obrigação moral e, mesmo assim, vivia cometendo maldades contra a sobrinha, como aprisioná-la no sótão por não cumprir as regras que tentava lhe impor.

A aposta da Tupi não poderia ter sido mais acertada, e logo “Pollyana” se transformou no programa de maior sucesso do canal. Bastante fiel ao livro de Porter, a história de apenas 30 episódios conservou até mesmo a ambientação da obra original, transcorrendo na pequena vila de Beldingsville, no interior da Inglaterra – o que justifica a manutenção dos nomes dos personagens em inglês.

Mesmo assim, boa parte dos personagens que vemos hoje em “As Aventuras de Poliana” já estavam lá. Era o caso de John Pendlenton (John Herbert), homem rico, porém infeliz por nunca ter tido filhos, correspondente ao misterioso Sr. Pendleton (Dalton Vigh) da novelinha do SBT; ou o órfão Jimmy (David José), menino de rua com quem Pollyana fazia amizade – que na versão atual seria João (Ígor Jansen).

Pollyana acabava alegrando a vida de todos eles – e também da melancólica Mirtes Snow (Beatriz Segall), mulher que se isolou do mundo em sua própria casa após a morte do marido – com seu famoso “jogo do contente”, ensinando-lhes a ver o lado bom da vida. Até que, num momento-chave e profundamente dramático da trama, a garotinha é atropelada e fica paraplégica, confinada a uma cadeira de rodas.

A situação então se inverte: vendo todo o otimismo de Pollyana se esvair e a menina prestes a cair numa depressão, os vizinhos e até mesmo a outrora carrancuda tia Polly – agora profundamente apegada à sobrinha que despertou seu coração adormecido – fazem tudo para alegrar a protagonista e fazê-la entender o quanto mudou suas vidas com seu jeito único de ser.

“Pollyana” fez tanto sucesso que acabou sendo marcada também como a primeira novela da história da TV brasileira a ganhar uma continuação: “Pollyana Moça”, produzida em 1958 e retratando a adolescência da personagem, que – novamente vivida por Verinha Darcy – vivia novas situações como a descoberta do primeiro amor.

Será que o sucesso estrondoso que a nova “Poliana” vem fazendo anima o SBT a também investir numa sequência? É aguardar para ver.

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