Francisco Gil, filho de Preta Gil, divulgou uma carta nas redes sociais para homenagear a mãe. A cantora morreu no último domingo, 20 de julho, em Nova York, nos EUA.
O neto de Gilberto Gil revelou que esteve com a mãe em sua última noite. “Você dormia e eu acompanhava cada respiração sua“, disse. “Você segurava minha mão com força”, relatou.
Preta Gil esteve com a família e com amigos, como Carolina Dieckmann, nos últimos dias de vida. “O motor da sua vida sempre foi amar e amar sempre foi o seu maior dom”, desabafou Francisco.
A publicação de Francisco veio à tona em meio ao processo de traslado do corpo de Preta para o Brasil. A família começou o processo com autoridades norte-americanas e auxílio de autoridades brasileiras.
Preta Gil travou uma batalha contra o câncer no intestino nos últimos dois anos. Após esgotar os tratamentos no Brasil, a famosa buscou metódos alternativos no exterior e encontrou nos EUA.
Nesta semana, os médicos responsáveis pelo tratamento alternativo informaram a Preta Gil que nada mais poderia ser feito para curá-la. Ela tentou voltar ao Brasil no fim de semana.
Leia a carta na íntegra de Francisco Gil:
“Na nossa última noite juntos, você dormia e eu acompanhava cada respiração sua. Você segurava minha mão com força… E eu sem entender de onde você tava tirando aquela força. Já faz muito tempo que venho tentando entender de onde vem essa sua força toda… E agora entendo.
O motor da sua vida sempre foi amar e amar sempre foi o seu maior dom. O amor sempre foi ação pra você… Nunca se estagnou. Você foi implacável amando. Sua força vinha da vontade de viver, de ver a sua neta Sol de Maria crescer e vinha da gente que estava lutando junto com você. De um país inteiro que torceu… E assim lutou junto também. Esse amor também chegou pra todos nós. A rede de apoio mais linda, que você construiu.
A sua compulsão era a generosidade. Ter o seu amor foi um impacto grande pra qualquer um e eu nunca me incomodei de dividir ele com ninguém, porque foi você quem me ensinou que o amor não se limita. E você amou tanto… Tanto. Você foi — e será sempre — tão amada, mãe. Que privilégio ter vindo pra esse mundo de dentro de você. Minha melhor amiga.
Eu tava com muito medo… Mas determinado a encarar tudo com você. E a gente encarou, mesmo com você tentando me poupar. Eu me despedi de você e tentei fazer com que você não percebesse… Claro que você percebeu. E claro que esperou que eu fizesse isso pra poder partir. Você sorriu, e eu nunca vou esquecer desse sorriso. Seu olhar tinha muito mistério… Mas entendi. A gente sempre se entende… Assim como nesse exato instante. No seu adeus tinha também um até logo. Presença absoluta que agora só muda de perspectiva.
Seu olhar também tinha a curiosidade de sempre… E muita coragem pra encarar o que estivesse por vir. E foi assim que você deu seu jeito de me proteger e me deixar seguro de que — como sempre — você sabia bem o que tava fazendo. O seu tempo foi esse… E foi intenso. Como disse seu pai pra mim depois de você partir: “Que agora venham os 50 bilhões de anos…”
Estenda-se infinito, mãezinha. A gente que é de axé sabe que a morte não é um fim.
As fotos são dessa última semana. A primeira foi a última com a sol, e a segunda foi a nossa última foto.”
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].