Depois de quase 30 anos à frente da bancada do Jornal Nacional, William Bonner se despede da função que marcou sua carreira e a história do jornalismo brasileiro.

A partir de segunda-feira, 3 de novembro, César Tralli assume a bancada do JN ao lado de Renata Vasconcellos, após uma transição de cinco anos planejada para que Bonner passasse o bastão de forma gradual.
A trajetória de William Bonner
A carreira de Bonner na Globo começou em 1986, quando foi contratado para apresentar o SPTV – 3ª Edição, mas foi em 1996 que ele alcançou a consagração ao assumir a bancada do Jornal Nacional.
Ao lado de Lillian Witte Fibe, e depois com Fátima Bernardes até 2011, Bonner fez história na televisão brasileira. Ele se tornou o rosto da informação, sendo a principal voz das grandes notícias do país e do mundo.
Ao longo de sua carreira, Bonner foi testemunha de momentos históricos, como a queda de regimes, as guerras, a ascensão de novos governantes e, claro, sete Copas do Mundo (inclusive o pentacampeonato de 2002).
Em sua jornada, também teve a responsabilidade de reportar o 11 de setembro de 2001, a morte de Tim Lopes em 2002, e o falecimento de Roberto Marinho em 2003, sempre com a seriedade e competência que marcaram sua trajetória.
Lições de resistência e desafios no JN
Em 2020, Bonner se destacou durante a cobertura da pandemia de Covid-19, um dos maiores desafios do jornalismo. Ele foi um dos jornalistas que guiou o Brasil em um momento de incerteza, ajudando a esclarecer as questões mais urgentes da crise sanitária.
“Nós passamos por isso de uma forma heroica. O jornalismo precisava esclarecer a população sobre a crise, os avanços da ciência e as vacinas. Foi um período de muitas lutas contra a desinformação.” disse Bonner em entrevista ao Memória Globo.
Durante sua carreira, Bonner também foi o editor-chefe do JN, função que desempenhou desde 1999. Ele guiou a redação de centenas de edições, sempre com um olhar atento às transformações do jornalismo, destacando como o papel da TV foi adaptado com o tempo.

Para Bonner, a ideia de “deadline”, que existia no jornalismo tradicional, já não faz mais sentido nos tempos atuais, com as redes sociais e a disseminação de informações em tempo real.
O momento da despedida
A partir de fevereiro de 2026, William Bonner fará uma nova transição para o Globo Repórter, ao lado de Sandra Annenberg, em uma nova fase que celebra sua longa carreira, agora fora da bancada do JN.
Bonner deixa a bancada do Jornal Nacional com um legado indiscutível, sendo um dos jornalistas mais respeitados da história da televisão brasileira.
Sua presença na TV foi sempre mais do que informar: foi sempre uma figura de estabilidade, confiança e liderança. Ele anunciou sua saída com calma, ciente da importância da passagem de bastão para a nova geração, liderada por César Tralli.
O último adeus no JN acontece nesta sexta-feira, e a partir de segunda-feira, Tralli assume a bancada, com o desafio de continuar a tradição de excelência que Bonner estabeleceu ao longo de quase três décadas.
Bonner se despede, mas seu impacto na história do jornalismo brasileiro continuará vivo nas memórias das gerações de telespectadores que cresceram assistindo ao JN.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]
