Nos últimos tempos, a Globo tem apostado em uma abordagem ousada, incluindo figuras de destaque da cultura urbana, como cantores e influenciadores, em seus elencos de novelas.
Embora nem todas as tentativas tenham sido bem-sucedidas, a autora Rosane Svartman tem se destacado nesse tipo de estratégia, com êxito em integrar rappers em papéis de destaque nas produções.
O sucesso de MC Cabelinho em Vai na Fé
Na novela Vai na Fé (2023), a escolha de MC Cabelinho como o protagonista Hugo foi um marco para a emissora, conforme lembrou o site Notícias da TV.
O personagem, que começou sua trajetória envolvido com o crime, encontra um caminho de redenção ao se apaixonar por Jenifer (Bella Campos).
O desempenho carismático de Cabelinho na atuação conquistou o público e transformou o casal na trama em um dos favoritos, além de garantir a popularidade do rapper com os telespectadores.
L7nnon ganha destaque em Dona de Mim
Seguindo a mesma fórmula, a novela Dona de Mim trouxe L7nnon para o seu elenco. O rapper, que nunca havia atuado antes, tem dado um show em sua estreia como ator.
Ele interpreta Ryan, um ex-detento que, após passar anos na prisão por tráfico, tenta reconstruir sua vida e superar os obstáculos do preconceito, enquanto luta para reconquistar o carinho de seu filho e ex-companheira.
O personagem tem cenas emocionantes, como quando Ryan sai da prisão e enfrenta a dificuldade de ser um ex-presidiário.
L7nnon tem recebido elogios por sua atuação, sendo considerado por muitos como a grande revelação de 2023. Telespectadores como Diogo, Paulina e Maria têm destacado a profundidade emocional e a autenticidade do rapper em seu papel.
A própria Giovanna Lancellotti, que interpreta Kami, também se surpreendeu positivamente com o desempenho de L7nnon, afirmando que ele tem um grande futuro na atuação.
A polêmica e o protagonismo do ex-detento
Embora o sucesso de L7nnon e sua participação em Dona de Mim seja elogiado por muitos, a escolha de transformar um ex-detento em protagonista de uma novela levanta algumas questões.
O personagem de Ryan tem um arco dramático profundo, e sua ascensão à “rede de queridinhos” da trama vai contra estereótipos geralmente impostos a ex-presidiários.
A Globo, ao dar esse destaque, coloca em pauta o papel da reabilitação e da superação, mas também causa certa polêmica, já que retratar alguém com um histórico criminal como herói vai contra algumas normas sociais mais conservadoras.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]