A saída de William Bonner do Jornal Nacional, anunciada para novembro de 2025, gerou uma série de especulações sobre a direção da Globo em relação ao cenário político atual.
A decisão de Bonner de deixar o telejornal depois de 29 anos à frente da bancada coincide com um movimento mais amplo da emissora para se reconectar com um público mais conservador, o que alimenta rumores sobre uma possível mudança na orientação política do canal.
A Globo se aproxima da direita?
Após passar quatro anos enfrentando os ataques de Jair Bolsonaro, a Globo agora busca recuperar a audiência do público conservador, que nos últimos anos se distanciou da emissora, acusando-a de viés esquerdista. A informação foi confirmada pelo Notícias da TV.
O movimento é visível nas mudanças recentes, como a demissão de Daniela Lima da GloboNews, jornalista com grande rejeição entre os apoiadores da extrema direita.
Essa mudança de foco tem se refletido também nas escolhas editoriais da Globo, que tem procurado alinhar seus programas de forma a agradar mais ao centro e à direita, ao mesmo tempo em que tenta manter seu público mais à esquerda.
A emissora já realizou pesquisas internas que revelaram que o público brasileiro é, em grande parte, tradicional e conservador, e tem investido em projetos voltados para esse perfil.
A influência da pesquisa “Brasil no Espelho”
Um dos marcos desse movimento foi a divulgação da pesquisa “Brasil no Espelho”, realizada pela Quaest, que mapeou os valores e atitudes da população brasileira.
O estudo revelou que a maioria dos brasileiros se vê como centro ou centro-direita, além de valorizar a família e a religiosidade.
Esses dados foram apresentados aos funcionários da Globo no início do ano e têm influenciado até mesmo a programação da emissora.
Globo e GloboNews: uma reestruturação para a “neutralidade”?
Com as mudanças internas e a tentativa de reconquistar o público conservador, a Globo e a GloboNews têm adotado uma postura mais neutra em sua cobertura, especialmente em relação às próximas eleições presidenciais.
A GloboNews, por exemplo, foi acusada de ter se aproximado da esquerda, e, como resposta, a emissora tem buscado um diálogo mais amplo com todos os espectros ideológicos.
A saída de William Bonner e a entrada de César Tralli e outros jornalistas mais neutros, como Roberto Kovalick e Tiago Scheuer, também fazem parte desse movimento.
Tralli, que será o novo apresentador do JN, tem se mostrado cauteloso em suas análises e evita um posicionamento partidário, o que reforça a ideia de que a Globo quer uma imagem mais equilibrada.
O futuro da Globo nas eleições de 2026
Sem a figura de William Bonner como líder durante as eleições de 2026, a Globo tentará equilibrar suas coberturas para não alienar nenhum de seus públicos, seja ele de direita ou de esquerda.
O maior desafio será se reconectar com o público conservador enquanto mantém sua base de telespectadores mais progressistas.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]