A Globo foi condenada pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de quase R$ 40 mil por danos morais aos familiares de uma vítima da Covid-19. O imbróglio judicial começou depois que o Jornal Nacional veiculou uma notícia sobre a morte de um homem de 63 anos.
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Seu J.P., morador de uma pequena cidade no interior paulista, foi vítima do coronavírus em abril do ano passado, no início da crise sanitária. Dias depois, o telejornal da Globo exibiu uma matéria sobre a região e falou sobre o óbito.
A viúva e os filhos do senhor afirmaram no processo que foram constrangidos pela matéria e alvos de “maledicência” pelos moradores da cidade. A defesa da família, segundo o UOL, informou no processo:
“Os autores [do processo] foram alvos de especulações e discriminação, principalmente em estabelecimentos de uso rotineiro como banco, lojas e mercados, já que as pessoas cochichavam entre si e se afastavam deles, devido ao medo da doença”.
“É um direito dos requerentes não querer ver a imagem do ‘pai da família’ ser exposta e vinculada a esse tipo de situação, devendo ser respeitadas a intimidade e a privacidade”, argumentou a defesa, que pediu uma indenização de R$ 36 mil.
A Globo defendeu que a matéria foi de extrema relevância. “Foram divulgados fatos verdadeiros e de notório interesse coletivo”, comentou.
“Além disso, o conteúdo da reportagem não é pejorativo, muito pelo contrário, e não foi proferido absolutamente nenhum juízo sensacionalista”, completou o canal, que ressaltou: “A liberdade de imprensa pe garantida pela Constituição”.
O juiz Marcos Vinicius Krause Bierhalz entendeu que a reportagem da Globo não respeitou “os sentimentos da família” e que houve “abuso de direito de informação com a violação ao direito de imagem do morto”.
“A escolha da veiculação do nome e da fotografia de uma única vítima naquela reportagem tem caráter puramente sensacionalista, impondo profundo sofrimento e sentimento de irresignação aos familiares”, avaliou.
