Globo, Record, SBT e Band se unem e prometem guerra contra grande rival

Em um encontro histórico durante a SET Expo 2025, as quatro maiores emissoras da TV aberta brasileira, Globo, Record, SBT e Band, deixaram momentaneamente a rivalidade de lado para se unir em torno de um projeto estratégico: a TV digital 3.0.

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Globo, Record e SBT estiveram juntas (Imagem: Reprodução – Globo – Record – SBT / Montagem – RD1)

Pela primeira vez, os principais executivos das redes discutiram publicamente o futuro do setor, sinalizando que a concorrência agora é mais contra as big techs, como Google e Meta, do que entre si. A informação é do Notícias da TV.

O projeto da TV 3.0 prevê investimentos de R$ 9 a 11 bilhões ao longo de 15 anos, abrangendo a modernização de mais de 15,7 mil estações transmissoras e retransmissoras, troca de antenas, torres, equipamentos de produção e softwares.

A tecnologia trará recursos inovadores como melhor qualidade de áudio e vídeo, interatividade e a possibilidade de hipersegmentação de audiência, permitindo que anúncios diferentes cheguem a espectadores distintos assistindo ao mesmo programa, até mesmo dentro da mesma casa.

Publicidade programática como trunfo

Para a Globo e suas rivais, o maior atrativo da TV 3.0 será a publicidade programática, capaz de oferecer anúncios específicos para cada usuário.

Isso abre espaço para pequenos anunciantes, como supermercados locais, exibirem ofertas apenas para pessoas de bairros próximos, aumentando a competitividade da TV aberta frente às plataformas digitais.

Durante o painel, Claudio Luiz Giordani (Band) sugeriu que as emissoras compartilhassem infraestrutura, incluindo terrenos, torres e antenas, ideia aprovada por Paulo Marinho (Globo) e apoiada por Daniela Beyruti (SBT).

A colaboração entre as redes busca reduzir custos e viabilizar a adoção do novo padrão tecnológico, garantindo que as TVs abertas permaneçam relevantes no mercado.

Proeminência e regulamentação

Apesar da união, há preocupações. As redes temem perder visibilidade na era digital, com a TV aberta se tornando apenas mais um app entre centenas em televisores modernos.

Paulo Marinho destacou que a TV aberta é uma concessão pública e deve ter espaço privilegiado no controle remoto. Daniela Beyruti reforçou que televisores vendidos no Brasil deveriam permitir acesso fácil aos canais abertos.

Além disso, as emissoras pressionam por regulamentações que coíbam fraudes publicitárias em plataformas digitais, especialmente anúncios que usem inteligência artificial para reproduzir a imagem de apresentadores sem autorização.

Assinatura do decreto adiada

O decreto que institui oficialmente a TV 3.0 no país teve sua assinatura adiada para o dia 27 de agosto, após tratativas do governo com as emissoras sobre tecnologias internacionais usadas no padrão.

A expectativa é que a Globo inicie transmissões em TV 3.0 em 2026, exigindo novos televisores ou conversores, similar à transição da TV analógica para a digital iniciada em 2007.

Luiz Fábio Almeida
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Luiz Fábio Almeida

Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]