Fátima Bernardes revelou no Encontro da última sexta-feira (22) que a Globo colocou crédito no celular do estudante Caio, morador de Portel, no Pará, para uma entrevista ao vivo no matinal. A atração teve como tema o adiamento do Enem e, com parte dos alunos sem acesso à internet, a emissora viu no jovem um exemplo.
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Quando o adolescente apareceu no telão do programa, a apresentadora explicou: “Para a gente conversar com o Caio, tivemos que colocar um crédito no celular dele. Ele não tinha, realmente, internet. Não tinha como a gente conversar, e a gente achou que era importante que ele desse a posição dele”.
Caio falou sobre o adiamento do Enem 2020 em meio à pandemia do novo coronavírus e viu a atitude do Ministério da Educação como benéfica, mas fez uma ressalva: “Mesmo que eles tenham decidido isso para beneficiar a maioria dos estudantes, essa decisão se torna obsoleta se o governo não tem nenhum planejamento para amenizar [a desigualdade]”.
“Querendo ou não, o adiamento só vai beneficiar as famílias mais favorecidas, que tem internet dentro de casa”, continuou o rapaz. Sem acesso ao conteúdo para estudos na internet, ele recebeu livros emprestados e a ajuda de amigos que enviam materiais por arquivos via WhatsApp.
No programa, o psicólogo Rodrigo Nejm contou que 4,8 milhões de domicílios no país com crianças e adolescentes vivem sem acesso à web. Mais 11% do total de crianças entre 9 e 17 anos no país não conseguem acessar o conteúdo da internet em nenhum lugar, desde escolas e pontos de wi-fi públicos
“A pandemia mostra como a internet precisa ser considerada como direito. O acesso a ela permite não só o acesso a educação, como a outros tantos direitos”, comentou o doutor. “Seria injusta uma avaliação que não considerasse essa desigualdade”, completou.
