Há 23 anos, Globo exibia barraco inesquecível de “História de Amor”, às 18h

José Mayer e Regina Duarte, como Carlos e Helena, em cena de “História de Amor” (Imagem: Divulgação / Globo)

Uma das mais famosas cenas de “História de Amor”, folhetim de Manoel Carlos para o horário das 18h, está completando 23 anos: a do embate, verbal e físico, de Helena (Regina Duarte) e Paula (Carolina Ferraz), duas das pretendentes de Carlos (José Mayer), em um posto de gasolina. A sequência tornou-se célebre com o passar do tempo – e as reprises da trama em “Vale a Pena Ver de Novo” (2001) e no Canal Viva (2014) –, estando hoje na galeria de “brigas memoráveis” da dramaturgia brasileira. Mas não foi só “História de Amor” que garantiu bons momentos ao público naquele 27 de outubro de 1995. Confira agora todas as atrações da Globo nesta data!

Abrindo a grade, o “Telecurso 2000” (06h15), uma das muitas versões do programa educativo produzido pela Fundação Roberto Marinho, lançada no início daquele ano. Atrizes como Ana Lúcia Torre e Zezé Motta integravam o elenco da série. Em maio, a atração foi estendida, passando a contar com aulas de ‘2º Grau’ (06h30); o destaque em outubro ficou por conta da inclusão do inglês nas matérias de ‘1º Grau’ (06h45).

José Roberto Burnier à frente do “Bom Dia São Paulo” (Imagem: Divulgação / Globo)

O “Bom Dia Brasil” (07h00), comandado por Luiz Carlos Braga (hoje na Record) direto de Brasília, era exibido antes dos telejornais locais (07h30) – José Roberto Burnier (em cartaz na Globo News) estava à frente do “Bom Dia São Paulo”; Marcos Hummel (também na Record) conduzia o “Bom Dia Rio”.

Priscila, estrela do infantil “TV Colosso” (Imagem: Divulgação / Globo)

A sheepdog Priscila passou de produtora à apresentadora do “Super Star”, destaque na “grade” da “TV Colosso” (08h00). A cadelinha havia acabado de lançar seu disco, puxado pela regravação de ‘Mamãe passou açúcar em mim’, hit de Wilson Simonal, composto por Carlos Imperial. Em dezembro, ao lado do faz-tudo Gilmar – e de Camila Pitanga, Luana Piovani e Marcelo Serrado –, protagonizou o filme “Super Colosso”. Priscila, porém, precisou dividir os holofotes com os “Power Rangers”, que faturaram tanto (ou mais) que ela: de bonecos “morfadores” a música, em tom de homenagem, no álbum dos pequerruchos Sandy e Junior.

Léo Batista, um dos nomes que fizeram história no “Globo Esporte” (Imagem: Divulgação / Globo)

O “Globo Esporte” (12h30) já trazia blocos locais, mas grande parte do conteúdo ainda era dominado pelo noticiário nacional; Cléber Machado, Fernando Vanucci (atualmente na Rede Brasil), Léo Batista e Mylena Ciribelli (que se transferiu para a Record) se revezavam na apresentação do esportivo.

1995 foi o último ano do “São Paulo Já” (12h45), com Carlos Nascimento (SBT) e Augusto Xavier (RedeTV!), embrião dos jornais locais que conhecemos hoje – com ênfase em prestação de serviço, num tom, quase sempre, informal. No “RJTV”, a novidade era Renata Capucci, recém-saída da Manchete; Isabela Scalabrini e Priscila Brandão também respondiam pelo telejornal.

Pedro Bial, cobrindo férias de William Bonner na bancada do “Jornal Hoje” (Imagem: Divulgação / Globo)

O “Jornal Hoje” (13h15) era apresentado por Cristina Ranzolin (âncora da RBS TV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul) e William Bonner – substituído, nas férias ou nas folgas – como em outubro de 1995 –, por Pedro Bial (então correspondente em Londres).

Cissa Guimarães, Miguel Falabella e Renata Ceribelli em uma das edições especiais do “Vídeo Show” (Imagem: Divulgação / Globo)

De tão relevante para a programação e para o público, o “Vídeo Show” (13h40) foi escolhido pela Globo para, em abril daquele ano, num especial após o “Fantástico”, “apresentar” o Projac, inaugurado no segundo semestre, e as novidades da grade. O vespertino – hoje combalido por pautas desinteressantes e um time apático de apresentadores e repórteres – era apresentado por Miguel Falabella, “alma” do “VS” desde 1987. Na reportagem, Cissa Guimarães, Renata Ceribelli e a sumida Virgínia Nowick. Na última semana de outubro, a atração rememorou as muitas freiras interpretadas pela saudosa Ida Gomes na ficção; a atriz estava no ar em “Cara & Coroa”, às 19h, como Irmã Domitila.

Adriana Esteves e Antonio Fagundes, como Mariana e José Inocêncio, em cena de “Renascer” (Imagem: Divulgação / Globo)

O “Vale a Pena Ver de Novo” (14h10), que agora recorre a novelas “antigas” como “Belíssima”, exibida há mais de treze anos, apostava forte em títulos recentes. Caso de “Renascer”, finalizada em novembro de 1993 e reapresentada a partir de agosto de 1995. Coube à trama de Benedito Ruy Barbosa elevar os índices da antecessora, “Pedra Sobre Pedra” (1992): de 21,5 para 23,2 pontos. Em cena, a saga de José Inocêncio (Leonardo Vieira), que, em luto pela morte precoce da esposa, Maria Santa (Patrícia França), rejeita o filho caçula; anos depois, Inocêncio (Antonio Fagundes) se vê seduzido por Mariana (Adriana Esteves), neta de um antigo desafeto seu – a mesma mulher que encanta o enjeitado João Pedro (Marcos Palmeira).

Danton Mello e Juliana Martins, como Héricles e Bela, em cena de “Malhação” (Imagem: Divulgação / Globo)

O inexpressivo “00 Kid – Um espião muito especial” (1992) foi o cartaz da “Sessão da Tarde” (15h40), antecedendo a primeira temporada de “Malhação” (17h30) – então num modelo muito próximo de “Vidas Brasileiras”, com tramas que se renovavam a cada quinze dias. Mylla Christie, em participação especial, vivia as gêmeas Alva e Branca, decididas a conquistar o professor de judô, Dado (Cláudio Heinrich), crush da adolescente Luiza (Fernanda Rodrigues), herdeira da academia. O triângulo amoroso formado por Héricles (Danton Mello), Bela (Juliana Martins) e Romão (Luigi Baricelli) caminhava para um (quase) desfecho: cheia da brutalidade e do ciúme de Romão, Bella decidia romper com ele, já certa de que Héricles estava à sua espera.

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Às 18h05, “História de Amor”, além do confronto Paula – Helena, destacou a carteira, quase assinada, de Xavier (Ricardo Petráglia), o vizinho da protagonista, sempre alvo das críticas da esposa, Marta (Bia Nunnes). A briga que abriu o capítulo rendeu implicações até a última cena. Paula seguiu para a clínica médica onde Carlos atuava como endocrinologista; Helena, acompanhada da filha Joyce (Carla Marins), também. Atordoado como o escândalo das duas, Carlos – que também tinha de administrar os problemas da ex, Sheila (Lilia Cabral) – deu no pé. Ensandecida, Paula sai pisando fundo e acabou sofrendo um grave acidente. Ponto para ela que, no capítulo seguinte, deixou o hospital nos braços de Carlos, para tristeza de Helena.

Com a estreia de “História de Amor”, em julho, a Globo modificou sua grade noturna. A segunda edição do jornal local, que antes antecedia o “Jornal Nacional”, passou a entrar às 18h55, entre a novela das 18h e a das 19h. A medida visava impedir a migração de audiência para as tramas do SBT – sempre anunciadas, por ordem de Silvio Santos, após “Cara & Coroa” e “A Próxima Vítima”, o folhetim das 20h. No “São Paulo Já”, Carlos Tramontina – que segue no posto, com o “SP2”; no “RJTV”, Cláudia Cruz, mais conhecida como esposa do corrupto Eduardo Cunha (MDB).

Christiane Torloni, como Vivi (fingindo ser Fernanda), em cena de “Cara & Coroa” (Imagem: Divulgação / Globo)

Quando “Cara & Coroa” (19h10), de Antonio Calmon, estreou, Vivi (Christiane Torloni) estava envolvida por Mauro (Miguel Falabella) num ardiloso plano para surrupiar a fortuna do irmão dele, Miguel (Victor Fasano). Ela assumia a identidade de Fernanda (também Torloni), sua sósia – acometida por um AVC –, regressando à litorânea Porto do Céu. Só que, com o passar do tempo, Fernanda desperta, decide reassumir seu lugar e, numa armação orquestrada junto a Vivi – com ambas fugindo do domínio maquiavélico de Miguel –, passam a viver como uma única pessoa. Vai daí que as duas combinaram de, no capítulo em questão, Fernanda dizer ser Vivi para ter uma noite de amor com Rubinho (Luís Melo), seu ex-noivo; enquanto isso, Vivi fingiu ser Fernanda, levando Miguel para a cama.

Cid Moreira dividia a bancada do “Jornal Nacional” com Lilian Witte Fibe, nas férias de Sérgio Chapelin (Imagem: Divulgação / Globo)

1995 foi o último ano de Cid Moreira e Sérgio Chapelin à frente do “Jornal Nacional” (20h05) – assumido por Lilian Witte Fibe (que então cobria férias de Chapelin) e William Bonner em abril de 1996. Mariana Godoy (que está na RedeTV!) respondia pela previsão do tempo, num novíssimo mapa tridimensional.

Cláudia Ohana, como Isabela Ferreto, em cena de “A Próxima Vítima” (Imagem: Divulgação / Globo)

Em seguida, as bombásticas revelações da penúltima semana de “A Próxima Vítima” (20h40). A tentativa da malvadíssima Isabela Ferreto (Cláudia Ohana) de atribuir ao assassino misterioso a morte de Andréia (Vera Gimenez), executada por ela, caiu por terra com o testemunho de um taxista e de Marcelo (José Wilker), o ex que, ao descobrir as traições da “bambina”, feriu violentamente o rosto dela com uma faca. O capítulo incluiu também o acerto de contas de Filomena (Aracy Balabanian) e Solange (Patricya Travassos), a esposa e a amante de Eliseo (Gianfrancesco Guarnieri). E, por fim, a certeza de Irene (Vivianne Pasmanter) de que era Zé Bolacha (Lima Duarte), seu admirador, o criminoso da lista do horóscopo chinês.

Sandra Annenberg, titular do “Fantástico”, assumia interinamente o “Jornal da Globo” (Imagem: Divulgação / Globo)

Celso Freitas (outro que seguiu para a Record) era o apresentador do “Globo Repórter” (21h45), então dedicado a biografias, como a de Chico Xavier, e pautas médicas. Na sequência, o “Festival Primavera” (22h40), com o inédito “Testemunha Acidental” (1991) – os festivais relacionados às estações serviam para “tapar buraco” entre uma minissérie, nacional ou internacional, e outra. Com a ida de Lilian Witte Fibe, então provisória, para o “JN”, Sandra Annenberg – apresentadora do “Fantástico” – assumiu o “Jornal da Globo” (00h35).

A madrugada foi atípica, por conta do treino da “Fórmula 1”, que definiu a classificação do Grande Prêmio do Pacífico. Logo após as últimas notícias do dia, a Globo exibiu a série “Brisco Junior” (01h10), produzida pela Fox, sobre um caçador de recompensas que aterrorizava o velho oeste. Depois da corrida, às 02h00, o “Corujão” (03h05), com “Dez Minutos para Morrer” (1983), com Charles Bronson e Gene Davis. Já como “esquenta” para o dia seguinte, outra série: “Tudo em Cima” (04h55), da Disney, que muitos se acostumaram a ver no início da tarde de sábado, após o “Xuxa Park”.

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Duh Secco é “telemaníaco” desde criancinha. Em 2014, criou o blog “Vivo no Viva”, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de editor, repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.