Ícaro Silva solta o verbo sobre racismo no Brasil e faz relato emocionante

Ícaro Silva

Ícaro Silva faz post emocionante ao falar sobre racismo (Imagem: Divulgação / Globo)

Os seguidores de Ícaro Silva foram pegos de surpresa com um relato emocionante do ator no Instagram, no último domingo (31). Na mensagem, o rapaz, comovido com os intensos protestos contra o racismo que se espalharam por todo o mundo nos últimos dias, chamou de difícil a missão de ser “preto e livre” no país.

Eu concordo com a Nina Simone quando ela diz que ‘Liberdade é não ter medo’. É difícil ser livre e preto. Sempre difícil. Que duro é ver o genocídio da nossa gente e a face podre e pestilenta do racismo surgindo impunemente na figura de assassinos a serviço do Estado“, escreveu.

Apesar das palavras fortes e protestantes, o arista revelou que, por fim, o textão era uma apreciação ao seu pai, “que sobrevive como homem preto há quase 70 anos nesse inferno que é o Brasil“, narrando um episódio de sua adolescência quando foi presenteado por ele com um objeto muito significativo.

Ali estava a literal coroa de liberdade e beleza que orientaria muitos dos meus passos. Meu pai me deu então um objeto que eu já conhecia, mas que não tinha como fazer parte do meu cotidiano até ali. Esse garfo da segunda foto ele fez com as próprias mãos, nos anos 70, quando era mais jovem do que sou hoje e cantava à frente da ‘Quinta Dimensão’, sua banda de covers com rapazes pretos que foram empurrados em direções muito diferentes das de seus sonhos“, disse, se referindo a uma das imagens publicadas no carrossel.

Também na publicação, Ícaro exaltou seus cabelos e lamentou que não os tenha valorizado na infância. “Meu cabelo é uma das maiores belezas que eu encontrei nessa vida. Ícaro de 13 anos sente uma fisgada de dor quando pensa que não teve esse cabelo. Porque não podia, ‘não era bonito’. Deixei a contragosto, aos 15, para fazer um trabalho, que não trouxe muito, mas trouxe tudo. Nunca mais esqueci desse encontro“, relembrou.

 

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Meu cabelo é uma das maiores belezas que eu encontrei nessa vida. E não falo só dessa plástica nobre e impecável que ele imprime ao meu rosto, acentuada pela robustez da minha belíssima barba, sem falsa modéstia, mas da liberdade que existe nessa volumosa e macia esfera de pequenos, cheirosos e grossos cachos negros. Ícaro de 13 anos sente uma fisgada de dor quando pensa que não teve esse cabelo. Porque não podia, “não era bonito”. As pessoas na escola xingariam. Minha irmã já tinha que prender o cabelo (absolutamente perfeito), o meu era melhor nem deixar crescer. Deixei a contragosto, aos 15, para fazer um trabalho, que não trouxe muito, mas trouxe tudo. Nunca mais esqueci desse encontro. Ali estava a literal coroa de liberdade e beleza que orientaria muitos dos meus passos. Meu pai me deu então um objeto que eu já conhecia, mas que não tinha como fazer parte do meu cotidiano até ali. Esse garfo da segunda foto ele fez com as próprias mãos, nos anos 70, quando era mais jovem do que sou hoje e cantava à frente da “Quinta Dimensão”, sua banda de covers com rapazes pretos que foram empurrados em direções muito diferentes das de seus sonhos. Que lindo meu pai (lindo mesmo, ele é gato real) foi e é ao me dar esse instrumento de pura liberdade. Eu concordo com a Nina Simone quando ela diz que “Liberdade é não ter medo”. É difícil ser livre e preto. Sempre difícil. Que duro é ver o genocídio da nossa gente e a face podre e pestilenta do racismo surgindo impunemente na figura de assassinos a serviço do Estado. Meu pai, você me inspira a viver muito e a gerar outros frutos como eu, naturalmente coroados. Esse poderia ser um post para respirar no caos, rebatendo o fascismo com beleza, que é o que tenho tentado para manter a saúde mental, mas é na real um post de apreciação ao meu pai, que sobrevive como homem preto há quase 70 anos nesse inferno que é o Brasil. #VidasNegrasImportam #ParemDeNosMatar #BlackLivesMatter #StopKillingUs

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