Igrejas fechadas deixam pastores sem dízimo e Record pode ser prejudicada, diz jornal

Record
Edir Macedo é dono da Record e líder da Igreja Universal (Imagem: Reprodução / Instagram)

Depois de muito tempo sobrevivendo com os dízimos e ofertas que os fiéis costumam desembolsar presencialmente, algumas denominações de igrejas evangélicas estão sofrendo com a debandada de cristãos por conta das portas fechadas. A Igreja Universal, que tem relação direta com a Record, é uma delas.

Uma reportagem veiculada na Revista Piauí apresentou um levantamento que mostra como o pregador evangélico Valdemiro Santiago, o bispo Edir Macedo e o missionário R.R. Soares estão tendo que lidar com as contas de suas transmissões na TV aberta sem o “fluxo de caixa” que era mantido desde o início.

Desde 1998, Valdemiro é líder da Mundial do Poder de Deus, que reúne 315 mil fiéis e conta com avião, fazendas e imóveis luxuosos, mantendo seu alto padrão de vida em uma mansão no condomínio Alphaville, na Grande São Paulo, mas não consegue pagar o aluguel da TV Ideal (ex-MTV).

Ele deve pagar R$ 8 milhões mensais e, em um desabafo na própria emissora, o apóstolo disparou: “É muita luta para permanecer no ar, muita luta mesmo. Está muito difícil”. O empresário Paulo Garcia, dono da Kalunga e da emissora, confirmou que o pagamento não vem sendo feito e há parcelas atrasadas.

Todos os pastores estão tentando manter o recolhimento dos dízimos e ofertas de forma online, enquanto atacam as medidas de isolamento social da Organização Mundial da Saúde, mas a arrecadação não é a mesma de antes. Edir Macedo, da Universal, chegou a dizer que o coronavírus era “uma tática de Satanás” para induzir o povo ao pânico.

Todos eles estão frustrados com os últimos valores arrecadados, pois a maioria dos fiéis são de origem humilde e pouca escolaridade, sem hábito de usar computador e aparelhos celulares. R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, chegou a pedir que as famílias pedissem aos filhos para ajudar na doação online, por meio de transferências bancárias.

Em um dos cultos, ele chegou a afirmar que a Covid-19 “é a coroa do diabo” e que “nós temos a coroa de Jesus sobre nós”. No final de março, sua emissora, a RIT (Rede Internacional de Televisão), demitiu cerca de 80 profissionais, entre editores, repórteres, produtores e cinegrafistas. A Fundação Internacional de Televisão, a Nossa Rádio e a Graça Music também foram afetadas.

A Rede Gospel, da Igreja Renascer em Cristo, demitiu quinze funcionários no início de abril. Diante da situação, a Record, ligada à Universal, chegou a entrar com pedido de moratória na 1ª Vara do Trabalho da Capital de São Paulo pedindo a suspensão do pagamento de dívidas trabalhistas por noventa dias, alegando queda em sua receita.

Sem o dinheiro da Universal entrando, a emissora paulista será duramente afetada, já que de todo o R$ 1,8 bilhão de faturamento da emissora em 2017, 30% vieram de recursos da igreja, por meio da compra de horários nas madrugadas para a exibição de programas religiosos. Em 2016, foram pagos R$ 575 milhões para ocupar o horário noturno da Record.

Em 2015, a emissora recebeu R$ 535 milhões, mesmo depois dos cortes nos investimentos da igreja, por conta da crise econômica. Até 2018, a igreja destinava R$ 800 milhões anuais para custear seus programas religiosos: R$ 500 milhões para a Record e o restante dividido entre a Band, Canal 21, RedeTV!, CNT e TV Gazeta.

“Se antes da pandemia do coronavírus já havia enormes dificuldades para honrar contratos e compromissos, tudo leva a crer que a situação da igreja se tornará mais difícil ainda nestes tempos de isolamento social”, disparou Ronaldo Didini, ex-pastor da Universal e ex-assessor de Valdemiro na elaboração de contratos.

A maioria dos cristãos limitou-se ao momento único e pessoal nos templos, no qual doam de maneira voluntária a contribuição dos cultos. Os templos permanecem abertos e os fiéis podem entrar nas igrejas para orar, mas as reuniões formais não são permitidas. Apesar disso, Valdemiro gravou um vídeo dizendo que sua igreja não foi afetada.

“Não está atingindo o povo da igreja. Nossa luta é por causa dos decretos, por causa das determinações das autoridades. A igreja tem curado muita gente, e ela é o último refúgio do povo”, disparou, anunciando que, em breve, promoverá uma megaconcentração no Brasil. “Vai ser uma reunião extraordinária. Vamos dar a volta por cima”, anunciou.

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Da RedaçãoDa Redação
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