O Jornal da Record do último sábado (9) exibiu uma reportagem sobre uma denúncia feita pela jornalista espanhola Cristina Seguí envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Segundo ela, “o narcotráfico patrocinou partidos de esquerda na Europa e na América do Sul”.
VEJA ESSA
O principal telejornal da Record usou a denúncia dentro de uma reportagem sobre a prisão do general venezuelano Hugo Carvajal, ex-chefe dos serviços de inteligência da Venezuela no governo de Hugo Chávez (1999-2013).
A espanhola e uma das fundadoras do Vox, partido de extrema-direita, fez a grave acusação e citou o Partido dos Trabalhadores. Para a jornalista, o caso colocou luz em atividades supostamente criminosas do Foro de São Paulo.
O Jornal da Record informou que, “para receber e repassar dinheiro do narcotráfico para os regimes comunistas, foi criado um centro de estudos políticos e sociais em Valência, na Espanha”.
Seguí completou: “Em teoria, faturava por supostos trabalhos de investigação e de assessoria aos regimes da América Ibérica. Também Dilma Rousseff e Lula faturaram esse dinheiro”.
O JR disse que procurou o ex-presidente Lula, mas não obteve resposta. A assessoria do político desmentiu a informação. “O ex-presidente Lula foi investigado, teve todos os seus sigilos quebrados e nenhuma irregularidade foi encontrada. Venceu na justiça todas as falsas acusações feitas contra ele. Lula não tem nenhuma condenação e tem plenos direitos políticos”, rebateu.
Depois da manifestação do presidente, a Record mudou o discurso. O canal esclareceu que não colocou a posição de Lula na matéria, pois “não fazia referência às acusações”.
Para José Chrispiniano, assessor do líder da esquerda, a primeira frase da nota foi uma reposta às acusações veiculadas pelo Jornal da Record:
“A emissora veiculou uma acusação sem provas, sem nenhuma base, feita por uma agente política de um outro país com vinculação à extrema direita. Se a Record quisesse mais informações, podia pedir”.
Aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a Record foi a primeira emissora de sinal aberto do país que movimentou a sua equipe de reportagem para uma matéria contra Lula, líder nas pesquisas de intenções de voto para a eleição de 2022.
Confira a nota divulgada no site do PT:
“A Secretaria Executiva do Foro de São Paulo rechaça a reprodução de acusações falsas e sem fundamento a respeito do Foro de São Paulo, na reportagem da emissora brasileira Rede Record em 9 de outubro de 2021.
O Foro de São Paulo reúne partidos e movimentos políticos de 27 países da América Latina e Caribe, que defendem a transformação pacífica da região em uma sociedade mais justa para os povos e nações de nosso continente.
Foi assim denominado porque sua primeira reunião foi realizada na cidade de São Paulo, em 1990, com o propósito de estimular a defesa da democracia e a participação dos partidos de esquerda nos processos eleitorais de seus países.
Desde sua origem, o Foro de São Paulo rejeita a violência na política e em qualquer esfera da sociedade. Não tem e nunca teve qualquer relação com o crime, o tráfico ilegal, grupos armados ou milícias. Defendemos a cooperação internacional, a paz, a integração regional e o multilateralismo.
Crime é levantar acusações falsas, sem provas, e difundi-las de maneira irresponsável, como fez a Rede Record neste sábado, dia 9 de outubro de 2021, ao reproduzir entrevista de pessoa processada na Espanha por espalhar fake news contra adversários políticos.
São Paulo, 10 de outubro de 2021.”
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].