Falecida nesta terça-feira (30), aos 72 anos, a sambista Beth Carvalho estava prestes a ganhar um documentário sobre sua vida. Em publicação veiculada no jornal As declarações por parte do escritor foram feitas com base nas várias visitas feitas a Beth no hospital, no mês de abril.
“Visitei Beth Carvalho no hospital três vezes neste mês de abril, o último de sua vida. O objetivo era gravar entrevistas sobre sua trajetória, que serviriam como base para um documentário. Eu faria a pesquisa e escreveria o roteiro; a direção seria de Pedro Bronz; e a produção, da TV Zero e da Pela Madrugada. Nestes encontros, gravamos entre quatro e cinco horas de conversas com ela — que agora se tornam históricas”, iniciou.
“Em todas as visitas, encontramos Beth bem disposta. Seu estado de saúde era preocupante, o vaivém hospital-casa-hospital já durava mais de dez anos, os prognósticos nunca eram muito animadores. Mas Beth estava lá, firme, forte, guerreira. Nossa impressão é de que as recordações ajudavam a mantê-la animada. Nestes papos, Beth perpassou toda a sua vida e sua carreira, sempre pulsando emoção. A cama do hospital podia tirar a força do corpo, mas não fraquejava o espírito, que vibrava com as conquistas, como a lembrança de representar o Brasil na Olimpíada Mundial da Canção, em 1968, ou a primazia de ter sido a madrinha do movimento que revolucionou a música brasileira: o pagode”, prosseguiu.
Em outro trecho do texto, Leonardo trouxe à tona informação de que Beth, mesmo debilitada, continuava se lembrando perfeitamente de colegas: “Falava dos afilhados (Zeca, Aragão, Sombrinha, Arlindo, Fundo de Quintal e tantos outros), de Martinho, de Monarco, de Nelson Sargento (“Ele está indo pro Japão, vocês acreditam? É uma fortaleza!”). Ficava brava ao relembrar as polêmicas, como as que teve com Clara Nunes e com Elis Regina. E demonstrava a mesma paixão pelo debate político, exaltando Lula, Brizola e Getúlio”.
“Sempre que o papo permitia, Beth cantava. Quando lembrava de uma música qualquer, soltava a voz, como se dissesse: ‘Estou doente, mas meu canto ninguém cala’. A voz estava baqueada, o fôlego era curto, mas ela não desistia. Fez questão de nos mostrar um vídeo de Arlindo Cruz com uma canção em homenagem às enfermeiras, grandes aliadas nestes momentos de dor, que ela queria gravar para retribuir o carinho. Não seria verdade dizer que nunca esmorecia. Ao longo desses anos de recuperação, tinha seus momentos de choro, de desespero, de mostrar que a luta contra a dor era inglória”, contou.
Leonardo narrou ainda como foi a última visita feita à artista. De acordo com o jornalista, Beth a todo momento se mostrada preocupada se iria conseguir retomar a carreira: “Nosso último encontro com Beth foi no dia 18. As notícias eram boas: ela tinha saído do CTI (lugar das duas primeiras entrevistas), estava no semi-intensivo e havia marcado o show do Vivo Rio, dia 5 de maio. Seu estado de espírito alternava a alegria por pensar em voltar ao palco e a tensão por não saber se conseguiria cumprir o compromisso”.
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“Batemos um longo papo sobre a fase mais recente de sua carreira e, na hora das despedidas, contamos que íamos filmar o show com cinco câmeras, fazer imagens de bastidores, entrevistas com os convidados etc. Ela se mostrou empolgada, mas logo franziu a testa, e perguntou: ‘Será que eu vou conseguir?’. Sorrimos e respondemos que sim, para alguns dias depois sermos desmentidos pelo destino. Beth não conseguiu. Mas deixará em seus fãs a lembrança de que sempre fez de tudo para estar com eles. Cantou de todas as formas possíveis: sentada e até deitada. E, quanto mais o corpo dela se curvava, vencido pelo tempo, mais o Brasil se levantava, com toda a reverência, para aplaudi-la de pé”, finalizou.
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