Lázaro Ramos desabafou sobre o especial Falas Negras, exibido na Globo em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. O projeto foi dirigido pelo ator e o documentário reuniu textos históricos de grandes personagens negros.
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No Conversa com Bial, o famoso assistiu à um trecho que trouxe Tatiana Tibúrcio interpretando um texto sobre o caso do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, filho da empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza e fez uma ponderação.
“Esta história é um dos grandes símbolos do descaso diário que a gente passa, como se fosse algo natural. A gente está tornando isso algo comum na nossa sensibilidade, é muito ruim. É isso que me emociona”, afirmou ele.
Lázaro Ramos acrescentou: “Essa história, junto com o trabalho belíssimo da Tatiana Tibúrcio, que também é preparadora de elenco deste projeto, uma querida parceira que trabalha comigo há muitos anos como atriz, diretora, assistente de direção, ela tem um impacto que a gente precisa ter. E assim, pelo Miguel, mas não é por que eu fui filho de empregada doméstica, não. É por que o Miguel é nosso filho também e assim que a gente tem que ver”.
“A gente ainda fala, não me grite assim, não me fale como se eu fosse sua empregada, como se a gente tivesse direito de gritar ou destratar uma empregada“, seguiu.
“Isso tudo, Bial, eu sei que tem gente que vai dizer que é mimimi, tem gente que vai falar lá vem ele de novo, mas isso é fruto do processo de escravização que a gente viveu neste país. Estes frutos estão aí, é a maneira que a gente olha pro outro. Muitas vezes o nosso olhar para uma pessoa, não é nem como um animal, como uma coisa, como um nada. Esse olhar ainda tá na gente. E eu falo em todos os sentidos”, desabafou o famoso.
O global também disparou: “Eu não falo só na questão racial, eu falo na questão da mulher também. Às vezes, eu me pego reproduzindo coisas que estão em mim, fazem parte da minha história. A gente precisa olhar para isso e superar. E a gente vai ter que passar por este momento de incômodo. Desculpa, mas não tem como não se incomodar”.
“A maioria nos presídios, nos manicômios, nas favelas tem a minha pele. E a gente naturaliza isso. A gente paga menos às mulheres, mesmo exercendo a mesma função, como é que gente não fala e não grita sobre isso? Como é que a gente não vai pegar treta na internet? Esse grito está preso há muito tempo. E olha que eu tenho uma vida muito melhor do que um dia sonhei, mas eu olho para o lado e vejo meus colegas, meus amigos, eu vejo desconhecidos, e não consigo perder esse olhar”, completou.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]