Longe das novelas há quase três anos, Lua Blanco voltou à TV em abril com a estreia da segunda temporada de Homens?. Na série do canal Comedy Central, a atriz interpreta Maria, a nova namorada de Alexandre (Fábio Porchat), que após superar o problema de impotência enfrenta novos desafios na sua busca pela desconstrução de comportamentos machistas.
VEJA ESSA
Em entrevista exclusiva ao RD1, Lua falou um pouco mais sobre o universo da trama e da importância do feminismo. Hoje, a atriz reconhece que já viveu situações parecidas com as que são abordadas na produção, mas acredita que os homens precisam lutar sozinhos para superar os problemas que os afetam.
“Já estamos ocupadas demais resolvendo tabus que nos envolvem, por exemplo: tem homem quem nem sabe fazer a mulher gozar. E não são poucos, não. São muitos”, afirmou Blanco, que há alguns anos também passou a se questionar sobre os padrões de beleza femininos – a atriz era orientada por sua empresária a sempre aparecer com looks, até mesmo para ir à padaria.
Confira o bate-papo na íntegra:
Lua, como surgiu o convite para Homens?? Você já acompanhava a série?
Na verdade, o Fábio chegou a me sondar para a primeira temporada mas eu estava fazendo o Popstar na época. Eu maratonei a série que nem fã na esperança da oportunidade voltar e não deu outra. Quando a segunda temporada foi pro papel, o Fábio me chamou e eu amei.
Como foi a sua preparação para interpretar a Maria?
Tive uma leitura com o elenco e os diretores que foi ótima para eu sentir a temperatura do humor das cenas e como seria a Maria. O resto foi toda a troca que tive no set com o elenco e a direção.
Como será o relacionamento de sua personagem com Alexandre?
Nesta temporada o Alexandre supera o seu problema de impotência e passa a lidar com questões mais profundas como a relação com o pai. Ele e Maria se conhecem da escola e se reencontram por acaso trazendo à tona um belo affair entre os dois.
Homens? discute aspectos do machismo ao abordar a fragilidade masculina nas relações sociais. Você já viveu algumas das situações da série em algum relacionamento?
O machismo é uma questão estrutural da sociedade que só está começando a ser amplamente combatido agora. Quando eu comecei a me conscientizar sobre isso, eu passei a lembrar de momentos da minha vida em relacionamentos passados e pensar “ahhhh, era isso então”. Toda mulher encarou machismo em algum momento da vida, por isso é tão necessário combatê-lo.
Fábio Porchat comentou que o prazer tradicional não clássico, do homem penetrando a mulher, é o maior tabu entre os homens. Você concorda?
Acho que como esse é um tabu entre os homens, eles podem resolver entre eles. Nós já estamos ocupadas demais resolvendo tabus que nos envolvem, por exemplo: tem homem que nem sabe fazer a mulher gozar. E não são poucos, não. São muitos! Esse acho um tabu bem urgente.
As mulheres ajudarem os homens a superar comportamentos machistas que também os afetam ?
Eu não acho que se trata das mulheres ajudarem os homens em coisa alguma, acho que é mais o caso deles se ajudarem, que consiste em abrir os ouvidos e finalmente escutar o tanto que nós mulheres temos a dizer.
A luta contra o machismo, aliás, está presente na sua trajetória artística. Ainda falta muito para conquistarmos este espaço democrático?
Acho que sim. Falta muito ainda tanto nas questões salariais e de oportunidade, como citado, mas também na quantidade de mulheres em posições de chefia e comando em nossa sociedade. É fundamental a igualdade de gêneros em todas as esferas sociais.
Você também fala muito sobre a desconstrução de padrões de beleza e já contou que era orientada por sua empresária e estar sempre arrumada, o que acabou te gerando depressão. Qual foi o preço de renunciar a essa cobrança?
Não vejo como um preço, vejo como uma coisa muito mais simples do que parece. Renunciar a um padrão de beleza não quer dizer não se cuidar e não se preocupar com a saúde, mas sim sair dessa obsessão com um padrão falso e midiático que nos aliena de enxergar quem nós somos, para que nós mulheres tenhamos o direito de sermos belas do jeito que nós quisermos ser.
Como é participar de uma série de humor? Você já revelou em entrevistas que tinha o desejo de fazer comédia na TV…
O clima no set de Homens? é 100% agradável. Eu me diverti muito fazendo parte dessa história e sou muito grata de poder confirmar o quanto amo esse gênero.
Como está a sua rotina na quarentena?
Estou confinada com o meu namorado, Leandro, e estamos seguindo todas as recomendações e cuidados. Tenho cuidado bastante da casa, cozinhado, feito faxina, lavado roupa, e nos intervalos fazemos maratona de série juntos. Também estou preparando uma surpresa para lançar para os meus fãs na quarentena.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].