Marco Antonio Villa conversou com o jornalista Marcelo Bonfá e falou sobre a possível interferência do governo de Jair Bolsonaro na sua demissão da rádio Jovem Pan. Villa lembrou a sensação pela demissão e tocou na recente polêmica entre Rachel Sheherazade e Luciano Hang.
Sobre a suposta intromissão de Bolsonaro ou dos seus aliados na sua saída da rádio paulista, Villa avisou: “Aprendi que o poder no Brasil não gosta de críticas”. O historiador preferiu não se alongar no assunto. “Seria uma leviandade eu dizer sim ou não, porque eu não sei. Para mim, isso já é passado”, ressaltou.
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Novo contratado da Rádio Bandeirantes, Marco Antonio Villa não escondeu a mágoa por causa da demissão da Jovem Pan. Em comunicado, a direção da emissora afirmou que o jornalista tinha “adjetivação grosseira” em seus comentários políticos, sem citação ao Bolsonaro.
“Foi um momento muito triste, me deixou muito magoado, achei um ato de absoluta deslealdade com uma pessoa que sempre se dedicou muito ao trabalho”, desabafou. “Fiquei sabendo [que fazia as adjetivações grosseiras] pelo comunicado”, revelou.
“Claro que achei algo indevido. Eu não seria o que sou, com mais de 30 livros publicados, sendo tratado com enorme respeito por todos, se eu fizesse isso. As pessoas me reconhecem de outra forma. Isso foi algo infeliz feito por alguém com algum complexo de inferioridade, ou certo ciúme pela repercussão do meu trabalho”, declarou.
Mesmo com a saída polêmica, Marco Antonio não descartou o seu retorno à rádio. “O destino só Deus sabe. Pode ser que um dia eu seja convidado para algum tipo de trabalho que me agrade, que queiram que eu trabalhe lá. Em circunstâncias muito particulares, evidentemente que precisa ser um pouco diferente do que os episódios que ocorreram agora na minha saída”, surpreendeu.
Bonfá abriu espaço na entrevista e mencionou a polêmica entre a jornalista do SBT, Rachel Sheherazade, e o dono da Havan, Luciano Hang. O empresário sugeriu, em seu perfil no Twitter, que Silvio Santos mandasse a âncora do “SBT Brasil” embora. “É lamentável esse senhor fazer esse tipo de ameaça, que é uma forma de censura”, reclamou Villa.
“Na Ditadura Militar [1964-1985] tínhamos a censura do tacão, das botas, agora temos a do poder econômico. Ela estava agindo dentro da Constituição, quem a está violando é a ação desse senhor”, continuou.
Marco Antonio Villa destacou que não acredita que Silvio Santos cederá à pressão de Hang. “Creio que não [vai ceder às pressões]. Seria um precedente muito perigoso. E o Brasil inteiro ficaria sabendo. Ele não é uma pessoa muito afeita ao jornalismo, sempre falou isso explicitamente [mas não faria isso]”, argumentou.
Assista:
Suspenso por 30 dias, Marco Antonio Villa deixa a rádio Jovem Pan
Não demorou muito para a verdade vir à tona. O historiador Marco Antonio Villa, comentarista e colunista da revista IstoÉ, anunciou sua saída da rádio Jovem Pan. “Professor Villa”, como era conhecido, abriu o jogo sobre o término de seu contrato com a emissora de rádio.
“Eu decidi que não queri mais voltar para a Pan. Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição”, disse Villa.
À época, Villa declarou que estavam querendo calar sua voz. “Mas claramente tem um lado político, querem calar a minha voz. Não me dobro, nunca me dobrei. A minha ação é sempre a mesma. Tenho uma visão de mundo e de Brasil, minha leitura se mostra sempre crítica da conjuntura”, falou em entrevista à revista Veja.
“Te incomodava a postura da Jovem Pan em relação ao atual governo?”, indagou a revista ao historiador, que respondeu: “Não me incomodava porque não me desviei do meu caminho. Mantive minha análise independente. Da mesma forma que eu critiquei os governos do PT, estou criticando o governo Bolsonaro”.
Sobre os próximos passos na carreira, Villa contou que está recebendo milhares de mensagens e que seguirá postando vídeos comentando o cenário político atual. “Estou trabalhando para potencializar minhas redes sociais, postando sete vídeos e comentários por dia. Tenho recebido muito apoio, centenas de mensagens. Meu retorno está na carta como 24 de junho, dia de São João. Mais não sei se vou pular fogueira ou não. Estou pensando, refletindo. É inegável que houve um desrespeito ao meu trabalho”, disse.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].