A Fazenda 2021 começou na terça-feira (14) e naturalmente vão voltando os julgamentos do público, já que um reality show desse tipo é feito justamente para isso e o resultado da maioria é expresso no resultado das votações. Perfis polêmicos como o de MC Gui trazem uma discussão necessária: o cancelamento!
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No confinamento de Itapecerica da Serra (SP), o funkeiro estava conversando com outros peões e lembrou do suicídio do filho da cantora Walkyria Santos: “Essa parada de cancelamento está matando gente, não vê o moleque da mãe sertaneja?”.
Recapitulando a história citada acima, Lucas acabou atentando contra a própria vida, depois de ter postado um vídeo em que fingia estar apaixonado por um amigo e receber inúmeros comentários homofóbicos. Enfim, isso não tem absolutamente nada de cancelamento, o que aconteceu é o velho bullying, que ganhou nome nos anos mais recentes.
Victor Pecoraro estava na conversa e ainda usou as críticas à estreia de Adriane Galisteu em A Fazenda como exemplo: “Cancelaram a Galisteu antes dela começar. Eu não preciso ficar postando o que eu acredito se no dia a dia eu não faço isso”. Isso também não é cancelamento, é basicamente a onda de comentários maldosos cometida pelos haters inconsequentes.
Em março, Gui foi pego num cassino clandestino, no ápice da pandemia de Covid-19, sem a empatia com centenas de milhares de pessoas perdendo suas vidas. O jovem, em 2019, também foi criticado depois de filmar uma menina fantasiada na Disney, nos Estados Unidos, e zombar dela. Muito se procurou sobre a identidade da criança, mas se especulou que ela tinha enfrentado um câncer.
O cantor lembrou dessa última parte e disparou: “As pessoas foram capazes de apontar o dedo pra mim depois do meu erro e falar que eu tinha capacidade de zombar de uma pessoa doente”.
É preciso repetir mais uma vez, porque a banalização já se tornou tão enraizada que se torna difícil de arrancá-la. O termo “cancelamento” basicamente virou uma espécie de escudo para pessoas que tiveram atitudes problemáticas e não tem a mesma força para lidar com as consequências dos seus atos.
O cancelamento existe, mas ele é muito menor do que parece: o público decide parar de consumir o conteúdo daquele famoso, deixa de segui-lo nas redes sociais e formam um boicote a qualquer projeto protagonizado por aquela pessoa, que em teoria não as representa.
Não há nada de cruel nesse tipo de movimento dos internautas, já que toda ação tem sua reação. A “celebridade” deliberadamente machuca alguém ou uma parcela da população e perde toda essa força na hora de enfrentar os efeitos de decisões erradas?
É como uma prisão virtual! Imagina se todo preso real, condenado por um ato criminoso, contestasse o fato de ir para a cadeia? É como se todo mal do mundo fosse minimizado e as pessoas que agem corretamente não tivessem o direito de serem resguardadas.
MC Gui ainda completou: “Eu entrei numa p*ta depressão, fiquei três meses sem pisar na rua, assustado com tudo. Nem com a minha família conseguia conversar, não conseguia fazer nada, mas assim, eu procurei ajuda, mano. Eu precisava de ajuda pra me entender, pra me reencontrar dentro de mim mesmo”.
As vítimas dessas atitudes também passam por danos ainda piores, já que boa parte delas nem tem a mesma estrutura adequada para se reconstruir… E ver os seus “algozes” em espaços de destaque, enquanto vivenciam o seu sofrimento, é algo justo? É proporcional?
É claro que ninguém tem o direito de ser julgado a vida inteira por um erro; as pessoas tem o direito de repensar as próprias atitudes, mudar e quem sabe serem abraçados pelo público mais uma vez. É um direito! O grande ponto é que muitos transformaram a palavra “cancelamento” de um jeito desonesto para inverter o jogo contra as vítimas reais. Erros não precisam de vírgula, precisam de um ponto final.
Confira:
Oficialmente redator desde 2017. Experiências como editor e social media. Já escrevi sobre famosos, TV, novelas, música, reality show, política e pauta LGBTQIA+. Vídeos complementares no YouTube, no canal Benzatheus.