Trabalhar com jornalismo é uma tarefa que une a paixão pela profissão e, ao mesmo tempo, a força de vontade de encarar as adversidades e o preconceito para como trabalho que fazemos. O ano de 2019, por exemplo, pode ser encarado como o da provação, seja por parte da quantidade de tragédias que retratamos, ou pelo enfrentamento da marginalização que a categoria tem tido.
VEJA ESSA
O problema, hierarquicamente, começa lá de cima. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em levantamento feito entre 1º de janeiro a 30 de novembro de 2019, destacou que pelo menos 111 ataques foram feitos à imprensa por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Não era de se esperar o contrário.
Além disso, partiu do governo federal – e sua caneta Bic azul – a Medida Provisória Verde Amarelo, que extingue a necessidade do registro profissional para jornalistas, publicitários, radialistas e outras profissões. Um golpe duro e a perda de um direito que foi suado para conseguir. Um desânimo para quem sai da universidade que foi difícil de pagar.
O jornalismo especializado em entretenimento e televisão, que ainda é duramente tachado como fofoca, também sofre. É desmentido, atacado, alvo de haters e, quando consegue se estabilizar, sofre pela mancha de sites sensacionalistas que querem, a todo custo, ganhar cliques e dinheiro. Por sorte, 2019 permitiu que a pior das máscaras pudesse ser derrubada.
Nós, jornalistas, que prezamos por levar a informação isenta, direta e precisa, desejamos que nossa profissão seja mais valorizada. Nunca antes o nosso papel foi tão importante para combater as tão ditas fake news; nunca antes a nossa atuação foi tão desprezada por um governo que se pauta por WhatsApp; nunca antes tivemos que batalhar tanto para se descolar de quem mancha nosso ofício.
O jornalismo que você lê no RD1 é fruto de um trabalho de apuração, checagem, discussão, respeito, credibilidade e cuidado. É o ponto de partida de todo bom jornalista que, hoje, infelizmente, tem a sexualidade questionada em uma coletiva presidencial. Que os tempos sombrios se amenizem, e que as pessoas possam enxergar que a notícia, independente do gênero, é uma ferramenta cada vez mais necessária para o nosso dia a dia.
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