Moraes Moreira lembrou, em entrevista ao jornal O Globo, da época em que fazia parte do Novos Baianos, junto com Baby do Brasil, Pepeu Gomes e outros nomes, na década de 1970. Dentre as revelações que fez sobre o grupo, está o fato de que todas as músicas do trio no sítio-comunidade que dividiam foram compostas em meio ao uso de drogas.
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“Acho que todas as músicas dos Novos Baianos foram compostas na base do LSD, praticamente“, contou ele, que ainda explicou os motivos que o fizeram deixar o conjunto musical. “Fui embora por causa dos meus filhos, como aqueles meninos iam se alimentar se os caras tomavam o leite deles no mingau da larica?“, confidenciou.
Natural de Ituaçu, no interior da Bahia, o cantor mudou-se para Salvador aos 15 anos; foi na capital que três fatos marcaram sua vida: conheceu Tom Zé, desistiu do vestibular de Medicina e viu o mar pela primeira vez. “Tive muito medo, foi forte, até cruel. […] Até hoje, vou só até onde dá pé e volto correndo. Não sei nadar“, confessou.
O músico também compartilhou que foi em Ituaçu, onde cresceu cercado pela avó, que formou sua base musical e, ao lado de sanfonas e serenatas, conheceu Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, entre outros. É com base nessa memória que Moraes montou o novo show Elogio à Inveja.
O repertório é um apanhado de músicas que o cantor adoraria ter feito. A ausência de músicas do próprio repertório foi proposital. Ainda assim, entre os próximos projetos há um show com mais de 20 inéditas compostas recentemente. “Fiz até um programa explicando o que é o show para não aparecer um cara lá no meio gritando ‘toca Preta Pretinha!’“.
O músico gosta de falar sobre a trajetória ao lado dos baianos – diz que Acabou Chorare teve o criador da bossa nova como “produtor espiritual”. “Roubei muitos acordes de João Gilberto. Eu e Pepeu ficávamos só de butuca olhando ele tocar, João era um rádio, tocava canções que ninguém sabia ou lembrava mais. Eram músicas dos anos 1940, de Noel Rosa, Assis Valente…“, recordou.
