Passou muito rápido: você piscou e, em agosto, o É de Casa chega ao seu quinto ano no ar. E, se há uma característica que diferencia a Globo da concorrência, é a sua capacidade de planejamento.
VEJA ESSA
Sempre que lança uma atração na grade, a emissora tem a paciência necessária para mantê-la no ar, ainda que a recepção inicial não seja das mais positivas. Para emplacar seu novo produto, é comum que ajustes sejam feitos até que ele caia no gosto popular. Essa postura que acaba se transformando em um importante diferencial competitivo, e este colunista vai explicar o porquê.
Início difícil
Tal e qual o Se Joga, o matinal de sábado foi metralhado por críticas que, em algum grau, ainda persistem. Primeiro porque foi o responsável por sepultar definitivamente a TV Globinho. O infantil já havia perdido espaço nas manhãs de segunda a sexta desde a estreia do Encontro, em 2012.
A relevância das pautas também foi alvo de queixas. Em tempos onde a participação feminina no mercado de trabalho cresce exponencialmente, o programa se sustentava, basicamente, com dicas relacionadas ao ambiente doméstico. Pouco atraente, ainda mais se considerarmos que esses tutoriais podem ser encontrados com facilidade na internet. Muitas pessoas, inclusive, mal param em casa: que interesse elas teriam?
Boninho, o diretor responsável pela concepção do projeto, cometeu outro erro: lotou o É de Casa de apresentadores. Deu um programa para chamar de seu a profissionais que permaneciam sem função na emissora e, até então, estavam limitados a substituir Ana Maria Braga e Fátima Bernardes em suas ausências.
As mudanças no É de Casa
Ainda em 2018, a Globo promoveu uma dança das cadeiras e anunciou a migração de Mariano Boni para o entretenimento. Desde então, todos se viram cercados de expectativas. Se ele não conseguiu fazer frente à Hora da Venenosa com o Se Joga, as mudanças na linha editorial do É de Casa são das mais positivas.
Entre as novidades apresentadas pelo programa estão a incorporação do Bem-Estar e também a contratação de Maria Cândida. A experiente jornalista teve passagens pela própria Globo, Record e, mais recentemente, TV Aparecida.
Em seu quadro, São Paulo Curioso, ela apresenta atrações marcantes da maior metrópole do país, munida somente do seu próprio celular. Na edição deste sábado (25), ela visitou o tradicional Edifício Copan. Para atrair o público da internet, diversas hashtags e emojis são exibidos na tela.
Outro bom momento do matinal acontece quando André Marques interage com crianças, apresentando-lhes músicas que dominaram as paradas de sucesso nas décadas passadas. A espontaneidade dos convidados mirins diverte e, não raramente, deixa até o eterno Mocotó desconcertado.
Jornalismo também É de Casa
As novidades do É de Casa também passam pela ampliação do jornalismo. O plantonista do Jornal Hoje ancora uma espécie de boletim de notícias, antecipando os principais destaques que serão tratados na edição do dia. Essa interação é mais longa do que o G1 em 1 minuto, que cumpre essa função de segunda a sexta.
Além disso, destaca-se uma movimentação mais intensa de repórteres próprios e de afiliadas em todo o Brasil. Eles participam ao vivo, seja para comparar o preço dos alimentos na feira ou para apresentar sugestões de atividades culturais e de lazer para quem ainda não programou seu final de semana.
Fechando a lista de novidades, o reality Minha Mãe Cozinha Melhor Que a Sua desafia dois famosos, sem muita experiência na cozinha, a preparar um prato sob a supervisão de suas mães.
Todas essas mudanças começam a surtir efeito e sinalizam que o É de Casa está encontrando seu caminho. Mas outros ajustes ainda podem ser feitos, como deixar a apresentação somente com Ana Furtado e Maria Cândida. Se o programa ainda não é imperdível, pelo menos já não apresenta mais aquele conteúdo enfadonho, que marcou seus primeiros anos.
Post Script
Se o É de Casa começa a encontrar seu caminho, o mesmo não se aplica ao Se Joga. É de se estranhar, inclusive, a inércia da Globo em intervir no programa comandado por Érico Brás, Fabiana Karla e Fernanda Gentil.
As críticas feitas pelos colegas de imprensa e telespectadores são justas: o vespertino está longe de ser assistível. Este colunista só não escreveu sua própria análise ainda para não parecer que está querendo “chutar cachorro morto”. Mas prometo fazer isso ao longo das próximas semanas. Continuem comigo!
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.