Nos 24 anos de “A Viagem”, 24 curiosidades sobre a novela que você, provavelmente, não sabia

Christiane Torloni em “A Viagem”, como Dinah (Imagem: Divulgação / Globo)

– No início de 1994, a novela das 19h, “Olho no Olho”, já se aproximava do fim e a Globo ainda não havia definido sua substituta – após suspender a produção de “Vira Lata”, que só chegou ao vídeo em 1996. Cogitou-se então transferir “Tropicaliente”, prevista para às 18h, para a “segunda faixa” de teledramaturgia do canal. Desta forma, “A Viagem” seria exibida no mesmo horário em que “Mulheres de Areia”, também um remake de Ivani Ribeiro dirigido por Wolf Maya, conquistou índices recordes!

– A princípio, Wolf cogitou a fusão de várias histórias de Ivani – ‘Mulheres’, por exemplo, nasceu da união da trama homônima (Tupi, 1973) com “O Espantalho” (Record, 1977). Não havia tempo hábil para tal. Optou-se então por “A Viagem”, outro clássico da emissora pioneira, exibido em 1975.

O regresso de Antonio Fagundes à TV em “A Viagem”, na capa da Contigo! (Imagem: Reprodução)

– Antônio Fagundes, recém-saído de “Renascer” (1993), havia sido convidado para viver o Alexandre da primeira versão, entregue a Ewerton de Castro. O ator declinou do chamado, na época, por conta de sua transferência para a Globo. Em 1994, Guilherme Fontes se encarregou de Alexandre.

– O nome do personagem destinado a Fagundes, aliás, foi alterado. Em 1975, Otávio Jordão atendia por César Jordão (Altair Lima). Ivani Ribeiro e Solange Castro Neves, sua colaboradora, optaram pela troca ao constatarem que na novela anterior, “Olho no Olho”, havia um César, de muito destaque: o vilão interpretado por Reginaldo Faria. Antes de ser rebatizado como Otávio, porém, o César de “A Viagem” chegou a ser chamado de Renato.

– Solange Castro Neves, aliás, foi fundamental para o folhetim. Ela lia as cenas do original para Ivani Ribeiro – naquela altura, com dificuldades para enxergar por complicações de diabetes. As duas então debatiam os rumos da trama. Seguindo as orientações da autora, a colaboradora redigia os capítulos. Depois, lia todos em voz alta para Ivani, que, por ventura, sugeria alterações (como trocas de palavras).

– Regina Duarte foi o primeiro nome cogitado para a protagonista, Dinah Toledo. Christiane Torloni assumiu o papel.

Miguel Falabella no comando do “Vídeo Show” (Imagem: Divulgação / Globo)

– No mesmo 11 de abril em que estreava em “A Viagem”, como Raul – irmão de Dinah e Alexandre –, Miguel Falabella passou a bater ponto todas as tardes, com a edição diária do “Vídeo Show”; até então, veiculado apenas aos sábados. Para dar conta do trabalho, Miguelito gravava o ‘VS’ logo cedo, por volta de 8h, seguindo posteriormente para os estúdios de “A Viagem”.

– A novela, aliás, certamente não consta entre os trabalhos preferidos de Falabella. Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, de 2 de outubro de 1994, ele declarou: “É uma novela muito cansativa de fazer. Tem cenários demais. A ação não é concentrada […] É essa moça [Solange] que está adaptando. Ela coloca a gente em cena muitas vezes, em todos os cenários, não sei para quê”.

– Se Miguel Falabella surgiu no vídeo em dose dupla, Andréa Beltrão se dividiu em três: batia ponto no “Vale a Pena Ver de Novo” como Ingrid, de “Rainha da Sucata” (1990), interpretava Lisa na trama das 19h e ainda surgia na pele de Marta, da minissérie “A Madona de Cedro”.

– Lisa era a namorada de Alexandre, que, após a morte dele, se envolve com Téo (Maurício Mattar), então se separando de Dinah. Foi nos bastidores de “A Viagem” que Andréa Beltrão conheceu o marido, Maurício Farias, da equipe de direção.

– A primeira semana de “A Viagem” registrou 54 pontos, cinco a mais do que os seis primeiros capítulos de “Olho no Olho” (49). Os índices se equiparavam aos de “Fera Ferida”, em cartaz às 20h.

Guilherme Fontes como o deliquente Alexandre Toledo (Imagem: Divulgação / Globo)

– As sequências de ação envolvendo Alexandre, de foragido a presidiário logo na estreia, foram apontadas como mola propulsora do bom (e imediato) resultado. O horário das 19h, naquela época, padecia com a concorrência do “Aqui Agora”, do SBT – apontado como a mais incômoda pedra no sapato de “Deus Nos Acuda” (1992), “O Mapa da Mina” (1993) e “Olho no Olho”, que já flertava com a narrativa policial (embora não tenha sido esta a grande atração de “A Viagem”).

– A figurinista Marília Carneiro encontrou dificuldades para fechar o figurino de Alexandre. O resultado – cabelos oxigenados e jaquetão de couro preta – foi obtido a partir de uma consulta a revistas sobre rock.

– Na primeira pesquisa de opinião realizada com telespectadores – o tão famoso “grupo de discussão” – a equipe constatou o apreço do público por Dinah. As mulheres entendiam que os barracos da empresária eram decorrentes da má conduta de Téo, arquiteto dado a flertes com clientes e colegas de escritório. O ciúme de Dinah, tão admirado, era entendido como defesa do matrimônio. Contudo, todo mundo também amava Lisa, especialmente por conta de seu perfil batalhador (ela sustentava o pai e o irmão com seu trabalho num salão de beleza). A unanimidade da rival de Dinah era necessária para que a audiência aceitasse o fim da união com Téo, o namoro deste com a cabeleireira e o envolvimento de Dinah e Otávio.

Maurício Mattar e Andréa Beltrão, o casal Téo e Lisa (Imagem: Divulgação / Globo)

– No fim das contas, Alexandre – que infernizou muita gente lá do além – reencarna como filho de Téo e Lisa. O plano inicial era fazê-lo herdeiro de Raul e sua esposa Andrezza (Thaís de Campos). Alexandre havia desestabilizado o casamento do irmão, obsidiando a sogra dele, Guiomar (desempenho brilhante da veterana Laura Cardoso).

– Outra mudança prevista para o último capítulo acabou não acontecendo: Maroca (Yara Cortes), mãe de Dinah, seria poupada da morte. A cena em que ela se encontra com a filha no céu é uma das mais emocionantes do desfecho de “A Viagem”.

– Para as gravações em Nogueira, distrito de Petrópolis, Rio de Janeiro, onde ficava o campo de golfe que representava o Céu, os figurantes precisavam chegar à Globo por volta de 6h. Eram duas e horas e meia de viagem, de ônibus, até a locação. Para tal, os profissionais ganhavam R$ 8, mais refeições.

– A novela não deixou de ser exibida durante a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Mas foi remanejada para diversos horários em razão das alterações de grade impostas pelos jogos: 18h30, 19h05, 19h40, 19h55, 20h20.

– As edições necessárias para atender as mudanças de grade neste período acabaram por gerar os chamados capítulos “A” – quando um capítulo escrito pelo autor é dividido em dois na edição, ocupando dois dias de exibição. Nos resumos da Globo, constam o 61A, 67A, 70A, 74A e 78A. Além do 37A, que antecede o suicídio de Alexandre, e o 46A. Logo, “A Viagem” conta com 160 capítulos escritos e 167 exibidos.

– Em Portugal, “A Viagem” foi acusada de amedrontar crianças por conta das cenas no Vale dos Suicidas. O psiquiatra Jorge Mira Coelho afirmou em entrevista à “Folha de S.Paulo”, de 26 de janeiro de 1995, que até adultos sentiam medo da novela. Na terrinha, “A Viagem”, pela SIC, concorria com “Fera Ferida”, no ar na RTP.

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– A Globo reapresentou “A Viagem” em “Vale a Pena Ver de Novo” em duas ocasiões. A primeira, entre abril e setembro de 1997, se deu no rastro do sucesso de “Mulheres de Areia” na faixa. O folhetim registrou 25 pontos de média final, na Grande São Paulo. Em sua penúltima semana, marcou 29 ante 30 de “O Amor Está No Ar”, cartaz inédito das 18h, em seus cinco últimos capítulos. Já em seu desfecho, “A Viagem” empatou, com os mesmos 29, com os episódios de estreia do remake de “Anjo Mau”. O último capítulo da reprise chegou a 34 pontos, configurando a terceira maior audiência daquele dia na Globo, atrás apenas de “A Indomada” (46), às 20h, e do “Jornal Nacional” (43).

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– Em 2006, com “Porto dos Milagres” (2001) considerada inadequada para o ‘Vale a Pena’ pelo Ministério da Justiça, “A Viagem” voltou ao ar novamente. Desta vez, 22 pontos de média final e 13 capítulos a mais do que o primeiro repeteco (113 a 100). Em 2012, foi novamente reapresentada nas tardes da Globo, em um compacto de cinco capítulos exibido no quadro “Novelão”, do “Vídeo Show”.

Chamada para o “Reviva”, do Canal Viva, sobre “A Viagem” (Imagem: Reprodução / Canal Viva)

– O Viva resgatou a novela em 2014. Prevista para a faixa da meia-noite (hoje, 23h30), “A Viagem” acabou remanejada para 14h30 diante dos protestos de uma parcela do público que preferia “clássicos” no horário dito “mais nobre” do canal, então ocupado por “Água Viva” (1980). Com “Dancin’ Days” (1978), à meia-noite, e “História de Amor” (1995), às 15h30, a trana formou uma das trincas mais bem-sucedidas do Viva.

– O curioso é que, antes de mudar de horário, “A Viagem” estrelou uma edição do programa “Reviva”, com Antonio Fagundes e Christiane Torloni, no ar em 30 de dezembro de 2013, que a anunciava como principal novidade do ano seguinte.

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Duh SeccoDuh Secco
Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.