Estreia deste domingo (3) na Globo, o Zig Zag Arena busca resgatar brincadeiras de criança, conferindo a elas tratamento de disputas profissionais. Há juízes, narrador, comentaristas e apresentadora avaliando dinâmicas como “pique-pega”. Todos dividem, com duas equipes de cinco ou seis elementos, o enorme cenário. Ou seja: o que nós quando pequenos fazíamos na rua de casa, com um par de chinelos marcando o campo, a emissora faz esbanjando talentos, luzes, cores e, óbvio, dinheiro.
VEJA ESSA
O Zig Zag Arena pretende ser grandioso, mas se atrapalha para executar a mais simples das provas. Os participantes, enfermeiros e médicos que combateram a Covid-19, sequer entenderam as muitas regras das “brincadeiras” propostas ali – o público menos ainda. Eles não pareciam se divertir, assim como, para quem assistia, o programa não foi nada alegre. Para ajudar, há o Show do Intervalo, no qual Everaldo Marques, destaque da cobertura do canal para os Jogos Olímpicos, comenta com certa seriedade corridas e lances sofríveis dos competidores.
Nas redes sociais, houve quem relacionasse a aposta da Globo ao Passa ou Repassa, que Celso Portiolli apresenta há anos – e bota anos nisso – dentro do Domingo Legal, do SBT. Não há qualquer possibilidade de relação. O ‘Passa’ é eficiente. Por lá, não há perda tempo com explicações porque as provas são relativamente simples. O formato espelha o título. É bate-pronto. Diferente do Zig Zag Arena que, ao menos com relação ao nome, guarda semelhança com o concorrente indireto: elenco e convidados transitam pra lá e pra cá sem saber o que estão fazendo.
Com sua nova aposta para os domingos, a Globo remete ao vizinho que todo mundo teve quando pequeno, cheio de dinheiro no bolso, que, enquanto a turma brincava de pé descalço no asfalto, passava ostentando o mais novo eletrônico das lojas. Causa certo impacto? Sim. Mas, cinco minutos depois, toda a turma já está de volta à gritaria e ao corre-corre da rua. A simplicidade fala mais alto, sempre. De nada adianta mobilizar os geradores de todos os estúdios para iluminar a arena se o espetáculo é desinteressante.
É pena que Fernanda Gentil, de passagem tão vitoriosa pelo Esporte, esteja à frente de mais esta furada. A migração para o Entretenimento, pode-se concluir, não agregou nada à apresentadora. Muito pelo contrário. Se antes Fernanda soava espontânea e espirituosa nas matérias e no “ao vivo”, hoje ela parece se esforçar para achar graça no roteiro falsamente animado que a persegue desde a primeira, e de triste lembrança, fase do Se Joga. A passagem dela pelo Encontro, repercutindo as pautas do dia e as histórias de pessoas comuns, foi o único grande acerto no novo setor até agora.
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.