A Globo deflagrou uma “operação de guerra” para salvar Novo Mundo (2017), novela em reprise às 18h desde o último dia 30. Mais do que reverter a baixa audiência da “edição especial”, a emissora certamente busca minimizar o impacto da fraca repercussão sobre o próximo título inédito do horário, Nos Tempos do Imperador – dos mesmos autores, Alessandro Marson e Thereza Falcão, e de temática similar.
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As investidas da Globo incluem chamadas de Novo Mundo em praticamente todos os intervalos, exaltando especialmente os dramas das protagonistas Anna (Isabelle Drummond) e Leopoldina (Letícia Colin). A primeira, acreditando ter sido traída por Joaquim (Chay Suede), sobe ao altar com o vilão Thomas (Gabriel Braga Nunes); a segunda lida com o destempero e a infidelidade do marido Pedro (Caio Castro).
O folhetim também foi pauta de uma live do Gshow com Isabelle Drummond. E assunto para Ingrid Guimarães e Fátima Bernardes no Encontro desta quarta-feira (22). Ingrid relembrou o êxito de sua Elvira Matamouros na exibição original – poupada da morte por conta dos apelos do público, ávido pelas traquinagens dela e do casal Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva).
Os trabalhos da Globo em prol de Novo Mundo se justificam quando analisamos a audiência da reapresentação até aqui.
A primeira semana da trama (30 de março a 4 de abril) rendeu apenas 19 pontos. Os seis capítulos da semana passada (13 a 18 de abril) registraram 19,5 de média. É pouco se consideramos que Avenida Brasil (2012), cartaz do Vale a Pena Ver de Novo, emplacou, nas mesmas semanas, 21,2 e 26,2. E Malhação, 20,8 e 20,7 – com Toda Forma de Amar e Viva a Diferença (2017).
Considerando os 18 primeiros capítulos, Novo Mundo acumula 19,1 pontos. Trata-se do menor índice da faixa desde Sete Vidas (2015), com 18,9.
A baixa nos números pode, evidentemente, respingar em Nos Tempos do Imperador. O novo trabalho de Marson e Thereza, também dirigido por Vinícius Coimbra, focaliza Pedro II (Selton Mello), filho de Pedro I. Novamente, temos a relação do monarca com a esposa e a amante – em Novo Mundo, Leopoldina e Domitila (Agatha Moreira); em ‘Imperador’, Tereza (Letícia Sabatella) e Luísa (Mariana Ximenes).
Na porção ficcional, outro casal perseguido por um vilão de pretensos políticas – Jorge / Samuel (Michel Gomes), Pilar (Gabriela Medvedovski) e Tonico (Alexandre Nero). Ainda, o resgate de figuras da primeira produção dos autores como titulares, como Germana, Licurgo e Quinzinho (Augusto Madeira), filho de criação de Elvira e Joaquim, agora adulto.
A sensação de déjà vu parece inevitável. A ideia de contextualizar Nos Tempos do Imperador com a reapresentação de Novo Mundo parecia inteligente, a princípio. Mas a aversão do público à novela em “edição especial” implica em sérios problemas para a que vem por aí. É esperar para ver se o folhetim inédito terá força para se impor após a fuga de audiência…
A escolha de Novo Mundo é justificável. Agora, o que dizer da Record escalando Apocalipse para a vaga de Amor Sem Igual? O canal joga no lixo o trabalho de Cristianne Fridman e equipe, interrompido pela pandemia de coronavírus, ao entregar o horário em ascensão à trama com a pior média dentre as bíblicas produzidas desde 2015 – 8,1 pontos –, com inúmeros problemas de elenco, narrativa e produção. Apocalipse marcou 5,5 no primeiro capítulo (21 de abril) e 6,4 no segundo (22); na terça-feira e na quarta-feira da semana passada (14 e 15), Amor Sem Igual garantiu 7,8 e 7,6. Boa sorte aos envolvidos na produção inédita, pós-pandemia. Vão precisar…
Chamada da estreia de Os Mutantes (06/05) https://t.co/yt8u0KYSm7 pic.twitter.com/De9jcHvOit
— eplay (@forumeplay) April 23, 2020
Também da Record vem o anúncio do retorno de Os Mutantes – Caminhos do Coração (2008), segunda fase da saga de “seres geneticamente modificados” escrita por Tiago Santiago. Apesar do bom começo – inclusive com impacto nos índices de A Favorita (2008), na Globo –, a produção ficou marcada pelo desgaste do enredo fantasioso que hoje não faz mais do que gerar memes.
A escolha de ‘Mutantes’ como substituta de Caminhos do Coração (2007) na sessão de repetecos das 16h é coerente. Não fosse o fato da “primeira temporada” estar em declínio…
Até o momento, ‘Caminhos’ anota 5,3 pontos de média geral. Ligeiramente abaixo das antecessoras Essas Mulheres (2005), Bicho do Mato (2006) e Vidas em Jogo (2011), todas com 5,5. Considerando a média mensal, 6,8 em março de 2019, quando da exibição dos primeiros capítulos, para 4,9 em abril deste ano. Ainda, o constante terceiro lugar, permitindo o avanço do SBT (e por vezes da Band) nesta faixa.
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.