Silvio Santos já presenciou muitos desabafos na história do “Troféu Imprensa”, exibido no SBT. No entanto, um deles foi marcante e inesquecível: Jô Soares acusando a Globo de colocar artistas em “lista negra”. Por isso, vamos tirar “Do Fundo do Baú” esse momento épico da TV brasileira.
O discurso do apresentador aconteceu na premiação do ano de 1988, um ano depois que ele foi contratado pelo canal do Silvio para estrelar o “Veja o Gordo” e o “Jô Soares Onze e Meia”. Ele, então, aproveitou sua vitória na cerimônia e mostrou que guardava mágoas com sua antiga casa.
Jô afirmou que a Globo inaugurou sua lista negra para colocar nela os profissionais que pediram demissão. “Quem sair da emissora sem ter sido mandado embora corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais, sob a ameaça de que estes não serão lá veiculados”, afirmou ele.
“Como a rede detém quase o monopólio do mercado, os anunciantes não ousam nem pensar em artistas que possam desagradá-la”, acrescentou o humorista, que lia o artigo que escreveu um dia antes para o Jornal do Brasil.
O apresentador ainda alfinetou o José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, Boni, que na época era o poderoso dentro da emissora carioca, dizendo que ele já havia solicitado a retirada dos comerciais do famoso e que tentou proibir ele de usar a palavra “gordo”. “Claro que esta ameaça ficou meio difícil de cumprir: a megalomania ainda não é lei fora da Globo“, detonou.
“É triste, nesse momento, em que se escreve diariamente a democracia no Congresso, que uma empresa que é concessão do Estado, cerceie, impunemente, o artista brasileiro, de um modo geral já tão mal remunerado”, falou o artista, que completou detonando Boni.
“Eu gostaria de dizer que Silvio Santos foi tremendamente injusto quando chamou Boni numa entrevista de ‘office-boy de luxo’. Nenhum office-boy consegue guardar tanto rancor no coração”, finalizou.
Anos seguintes, antes mesmo do Jô Soares retornar à Globo, a emissora já estava mais tranquila quando o assunto era exibir comerciais com personalidades de outros canais. Será que o “puxão de orelha” do comunicador provocou mudanças nas regras da empresa?
Assista ao momento épico:
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]