O Padre Fábio de Melo abriu o coração em entrevista ao Fantástico, da Globo, neste domingo (5), sobre a perda de sua mãe, Ana Maria de Melo, no dia 27 de março, em decorrência da Covid-19, aos 83 anos.
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“Partilhar aquilo que é pesado para nós, de alguma forma, nos alivia. Eu acho que é sempre uma forma de conscientizar o outro: ‘olha, a doença está aqui e ela esta levando quem nós amamos’. Não é uma brincadeira. Hoje meu coração sofrido é igual o de milhões e milhões de pessoas brasileiras e esparramadas pelo mundo afora. A minha mãe não é uma estatística”, desabafou ele.
O famoso ainda se emocionou ao lembrar a última conversa com a mãe: “Na última chamada de vídeo dela para mim, ela brincou, dançou, fez coraçãozinho. Disse que me amava, que eu morava no coração dela, e eu contei uma mentira para ela naquela hora”.
“Eu disse para ela assim: ‘Mãe, a senhora vai dormir um pouquinho, porque a senhora tá muito cansada, e quando a senhora acordar eu prometo que vai estar tudo tudo bem. (…) Eu sabia que ela sabia que eu mentia naquela hora, mas ela foi tão generosa comigo que ela quis se despedir de mim da forma como ela sempre fez: me amando tão generosamente, tentando me proteger de tudo aquilo pudesse me fazer sofrer“, relatou ele.
O religioso completou: “Ela sabia que ali nós estamos fazendo a nossa despedida final”. Ana Maria de Melo morreu em Uberlândia, Minas Gerais. Ela estava internada desde o dia 15 de março no Santa Genoveva Complexo Hospitalar.
Como havia contado para Faustão antes, Fábio de Melo ressaltou que a pior parte da morte foi não poder ter proporcionado um velório e um enterro apropriado para a mãe.
Na semana passada, em rede social, o padre escreveu um texto em um fundo preto: “Morte de mãe é quebra de um simbólico primitivo. É a ruptura com a corporeidade que hospedou nossos princípios. Um desalento. Deixar no túmulo o corpo que também foi meu corpo, fonte que me deu ossos, carne, espírito e sangue”.
“Outro desalento. Não poder ritualizar a despedida. Vestir o vestido mais bonito, pentear os cabelos, cobrir de flores a mulher que me amou primeiro, altar onde minha infância rezou as liturgias do amor inicial”, acrescentou.
“A pedra foi posta sobre a dança, a festa, o canto, a fome, o conselho e o alívio. Não mais o abraço, não mais o olhar que me sabia de cor. Ainda que a fé me faça crer no reencontro, o intervalo entre a espera e o abraço é puro desconsolo. Grito o que muitos já sabem: mãe não é sepultável“, concluiu o religioso.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]