Em um universo onde cada décimo de audiência vale ouro, parece estranho dizer que a RedeTV! faz sucesso com apenas 1 ponto, enquanto a Globo é pressionada mesmo quando atinge 23.

Mas essa comparação, por mais desigual que pareça, revela muito sobre as estratégias, os investimentos e as expectativas de cada emissora no cenário da TV aberta brasileira.
O que significa 1 ponto de audiência, afinal?
Antes de tudo, é preciso entender o peso real de um ponto no Ibope. Na Grande São Paulo, que é o principal mercado publicitário do país, 1 ponto representa 77.488 domicílios e 199.313 indivíduos.
No Painel Nacional de Televisão (PNT), esse número salta para 270.631 domicílios e 692.281 pessoas. Ou seja, mesmo programas com “só” 1 ponto estão falando com milhares — ou até milhões — de brasileiros.
A aposta da RedeTV! em nichos
Com uma estrutura mais enxuta e foco em públicos específicos, a RedeTV! tem feito de um tudo para conseguir cada décimo de audiência. Em 2025, até aqui, os melhores desempenhos da emissora vieram de programas como A Tarde é Sua, com Sonia Abrão, o tradicional TV Fama, e as transmissões da Série B do Brasileirão.
Com custos de produção mais baixos e metas comerciais mais modestas, a emissora consegue rentabilizar bem até pequenos índices. Nessa lógica, 1 ponto pode representar lucro e estabilidade.
Do outro lado, a pressão da Globo
Enquanto isso, a Globo trabalha com metas bem diferentes. Líder absoluta por décadas, a emissora carrega um padrão de excelência — e um orçamento à altura. Em 2025, programas como o Jornal Nacional e o remake de Vale Tudo têm oscilado na casa dos 23 pontos de audiência na Grande São Paulo.
Na última terça-feira (22), o telejornal conquistou 24,5 pontos, enquanto o folhetim das 21h, 24 pontos, índices considerados positivos para os tempos modernos.
Embora esse número seja altíssimo para qualquer outra emissora, para a Globo ele pode ser visto como preocupante por muita gente. Isso porque as expectativas são sempre maiores, especialmente em faixas nobres e em produções milionárias, como uma novela das nove ou um telejornal de peso.
Porém, a equação que determina o sucesso de um programa na TV é mais complexa do que apenas olhar os pontos de Ibope. É preciso considerar o custo da atração, o faturamento gerado e o público-alvo atingido.

Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]