Record censura imagens católicas em reportagem sobre fé na pandemia

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Jornal da Record desfoca imagem da Igreja Católica em matéria que defendeu abertura de templos em plena pandemia (Imagem: Reprodução / Record)

Em meio a um embate no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o fechamento de igrejas na pandemia, o Jornal da Record da última segunda-feira (05) dedicou duas longas reportagens para falar sobre os benefícios emocionais da prática da fé em momentos de crise na sociedade.

Na primeira reportagem, a jornalista Ingrid Gribel, em frente ao Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus, classificou a volta de cultos presencias como sendo tão seguros quanto uma ida à farmácia, embora tenha usado a opinião de um psiquiatra e membro da IURD para embasar a informação.

Quando você vai numa farmácia, você busca um remédio para o seu corpo. Quando você vai à Igreja, você busca um remédio para sua alma“, comparou Davi Vidigal. O jornalístico da Record apontou a abertura de cultos religiosos como estímulo para ações sociais promovidas por evangélicos, e usou o exemplo da Igreja Universal.

Já na segunda reportagem, a correspondente internacional Ana Paula Gomes mostrou abertura de igrejas em toda a Europa durante o domingo de Páscoa. Templos católicos de vários países, como Portugal, Alemanha, Itália, Estados Unidos e Nova Zelândia foram usadas na matéria, mas com um detalhe peculiar: sem nenhuma referência às imagens do catolicismo.

O frame de um padre no altar, gravado em uma igreja da Bélgica, apareceu desfocado em um trecho da reportagem, assim como o crucifixo de outras duas igrejas em Portugal.

Pano pra manga

A morte de mais um personagem negro em Amor de Mãe fez a autora Manuela Dias receber críticas de uma colega de profissão e de emissora. Renata Martins, cineasta e colaboradora de Malhação – Viva a Diferença (2017), fez um apelo no Instagram usando a fonte do logotipo da novela. “Parem de nos matar na vida e na dramaturgia“, pediu a escritora, logo após a exibição do assassinato de Lucas (Nando Brandão).

A crítica foi compartilhada na rede social pela atriz Jéssica Ellen, que interpreta a Camila na trama das nove, e repercutiu entre outras ativistas do movimento negro. “Exausta. Confesso que estava empolgada em ver a novela por ter sido escrita por uma mulher. Ledo engano, o pacto da branquitude falou mais alto“, endossou a figurinista Nina Maria.

Cercados

Em conversa com apoiadores na última segunda-feira (05), Jair Bolsonaro voltou a alfinetar o jornalismo da Globo e contou que “a emissora não entra” na casa dele. “Graças a Deus que a gente tem YouTube, né?“, comemorou uma eleitora.

Oi, Oi, Oi

Sem produções inéditas no 2020 aplacado pela pandemia de Covid-19, a Globo decidiu oferecer ao mercado internacional edições especiais de Avenida Brasil (2012) e Verdades Secretas (2015).

A novela de João Emanuel Carneiro foi transformada em série, com três temporadas – as duas primeiras com 13 episódios; a última somando 14. Já Verdades Secretas, também como série, passou a contar com apenas 12 capítulos.

Os “novos” produtos serão oferecidos a partir da semana que vem, quando tem início a feira MIPTV.

José Inocêncio vive

A título de curiosidade: a novela mais antiga no catálogo disponibilizado pela Globo em seu site de negócios para o mercado externo é Renascer (1993). O folhetim de Benedito Ruy Barbosa, cabe lembrar, acumulou a maior audiência do horário das oito na década em questão.

Ele fica

A Globo nega a dispensa de Dennis Carvalho, anunciada nesta terça-feira (6) pelo jornalista Flávio Ricco, do portal R7. Dennis, além de estar com contrato vigente, é nome certo na direção artística de Feira das Vaidades, novela de Denise Bandeira e Gilberto Braga que deve ocupar a faixa das seis entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro de 2023 – depois de Além da Ilusão, assinada por Alessandra Poggi, e antes de Amor com Amor se Paga, remake da obra de Ivani Ribeiro a cargo de Alcides Nogueira.

Gato escaldado…

… tem medo de água fria. À frente do BBB desde 2017, tendo passado há tempos pelas fases da insegurança e da experimentação, Tiago Leifert demonstra cada vez mais afinidade com o reality. E, por consequência, confiança no que vem fazendo. O apresentador, contudo, ainda teme o tribunal da internet. Deixou isso claro quando ontem pediu desculpas repetidamente por eventuais equívocos após discursar contra o racismo. Bobagem… Tiago nunca se mostrou tão apropriado para o BBB quanto nesta edição. Tanto nas dinâmicas relativas ao jogo, quanto nas interações com os participantes e, em meio a este tratado sociológico, nos comentários e elucidações acerca de temas suscitados pela (difícil) convivência dos brothers.

Falando nisso

Foi-se o tempo de medirmos celebridades pela régua da ignorância. A criação ou o meio não podem mais servir de justificava para a disseminação de falas como as de Rodolffo em sua passagem pelo BBB 2021 – racistas e homofóbicas. A fama hoje vem acompanhada de assessores de imprensa, consultores de imagem, estudos sobre posicionamento de marca… Quem conta com este tipo de suporte certamente sabe que julgar o outro pela roupa ou pelo cabelo é, no mínimo, desagradável. A atual edição do reality serviu para mostrar que, antes do preparo para a mídia, está o caráter e os (pré) conceitos. E que, lamentavelmente, estes nem sempre mudam conforme chegam os briefings.

Luiz Fábio Almeida
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Luiz Fábio Almeida

Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]