por Nucia Ferreira, do Rio de Janeiro
VEJA ESSA
De volta às novelas depois de 18 anos, Regina Casé será Lurdes, personagem central de Amor de Mãe, que estreia no dia 25 de novembro, às 21h. A atriz está ansiosa com o novo desafio.
“Eu estava morrendo de medo, não convivo com isso há anos. Quando eu tinha meu programa, era a atração da Regina, com o maquiador da Regina e aqui tem outro jeito de trabalho de equipe, com muitos profissionais em volta e eu tinha medo da readaptação. Está sendo um sonho e fui recebida da maneira mais carinhosa possível”, disse a atriz em bate papo com o RD1 no lançamento da novela.
Antes de ser convidada para a novela, Regina estava com projeto de uma nova atração, que foi adiada. “Eu estava com um novo programa engatilhado, quase pronto para entrar no ar em outubro do ano passado quando fui convidada. Eu fiz esta escolha, quis me dedicar a isso e conversei em casa que iria sumir. Vai ser muito legal”, conta.
A cobrança dos fãs é grande, já que Regina está fora da TV desde o fim de Esquenta, em janeiro de 2017. “Cobram demais. Em alguns lugares, como na Bahia, eu quase apanho. Sempre pedem para voltar o Esquenta”, revela. O contato com os fãs é frequente através das redes sociais. Tanto que a música-tema de Lurdes – Onde Estará o Meu Amor, de Maria Bethânia – foi sugestão de um fã no Instagram.
“Eu quero agradecer muito a ele. Era uma pessoa com quem eu nem converso, que apareceu na minha rede e me mandou uma mensagem dizendo ‘eu vi que você vai fazer a novela ‘Amor de Mãe’. Sabe qual música eu acho que poderia ser a sua? Aquela Onde Estará o Meu Amor. Combinaria tanto com a personagem procurando seu filho’”, lembrou a atriz, que seguiu a sugestão do seguidor.
“Quando deu meia-noite, eu mandei essa sugestão para o [José Luiz] Villamarim, com o link da música e 30 minutos depois estava aprovado. Eu agradeço muito a ele, a ideia foi linda e quando a escuto me ajuda. Eu sou louca pela Maria Bethânia e ela foi uma das pessoas que mais insistiu para que eu voltasse a atuar. Ela sempre me disse que amava o meu programa, mas queria me ver como atriz. Esta música me embala, me carrega e puxa minha emoção”, completa.
Gravar a novela tem sido uma sequência de emoções na vida de Regina. “É uma surra de emoção. Não sei como vocês vão aguentar. Olha que bacana para uma atriz. Eu leio uma cena e fico ansiosa para gravar logo porque quero ver aquilo acontecer. Eu estava morrendo de saudade de voltar a atuar, mas para deixar meu antigo trabalho e viajar o país como apresentadora, precisava ter um personagem como este para eu ter coragem de largar tudo e me jogar de novo como atriz”, comemora.
Na trama de Manuela Dias, Regina viverá um grande drama de ter um filho vendido pelo pai, mas também muitas outras histórias com os filhos biológicos e uma adotiva, que encontra na estrada abandonada quando vai do Nordeste para o Rio de Janeiro. O convite para voltar às novelas depois de tanto tempo foi aceito justamente para contar essa história emocionante.
“A qualidade desse texto da Manuela é maravilhosa, a fotografia do Walter Carvalho, a direção do Zé Luiz Villamarim, e depois porque eu acho que a ficção atualmente é a maneira mais suave, mais doce de chegar nas pessoas. As pessoas estão muito arredias, não consegue ouvir umas as outras. E através da emoção, do amor de mãe e da minha atuação, eu acho que na dramaturgia e na ficção, hoje em dia é mais fácil de eu ser o que eu sempre fui e quero continuar sendo, que é uma ponte entre diferenças”, define.
Para compor Lurdes, Regina não escolheu ninguém em especial; ela preferiu se inspirar em histórias de várias mulheres que já conheceu viajando a trabalho. “Eu acho injusto escolher só uma mulher pra ser a Lurdes. Esse personagem é tão rico, tão complexo, tão bonito. Eu comecei a viajar com o ‘Asdrubal trouxe o trombone’ nos anos 1970. E desde lá eu fui aos lugares mais ermos do Brasil, foram tantas mulheres como essa que eu conheci que eu tento colocar pelo menos umas 100”, explica.
Além de ser mãe de Benedita, 30 anos, e avó de Brás, 2, Regina também é mãe adotiva de Roque, 6.
“Sempre digo que amor de mãe é uma droga poderosíssima que você pode ver e sentir coisas que você não sentia antes. Ser uma mãe por adoção é o contato direto com o mistério. É como colocar um plug no sagrado. Você não conhecia aquela pessoa em um dia e, no outro, eu o amava tanto quanto amo a Benedita. Era igual. Eu achava que seria uma construção, mas não foi. É um troço estranho que vem de um lugar maluco”, analisa.
No cinema, Regina venceu o prêmio de melhor atriz na 56ª edição do Antalya Golden Orange Fil Festival pelo personagem Madá no filme Três Verões, de Sandra Kogut, que aconteceu dia 1º de novembro na Turquia. “O filme ‘Três Verões’ vai ser lançado muito próximo à novela e nele eu faço uma mulher do povo e isso me orgulho muito. Não é à toa que me escolhem para este tipo de papel. Este filme ganhou um prêmio no primeiro festival que participou e isso me deixou muito feliz”, comemora.
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