Regina Casé foi entrevistada por Pedro Bial e destacou o dia em que foi convidada para viver uma das personagens principais de “Amor de Mãe”, novela que substituirá “A Dona do Pedaço” na faixa das 21h da Globo.
Regina destacou que foi chamada pela autora, Manuela Dias e pelo diretor escolhido, José Luiz Villamarim. “Todos os meus projetos eu invento, carrego pedra, junto equipe, nunca ninguém me tira para dançar“, lamentou ela.
Em seguida, mencionou que o convite veio após um jantar. “A Manuela Dias, está dentro da televisão e não está acomodada, está querendo inventar. O Villamarim também. Os dois me chamaram para jantar e disseram: ‘tem que ser você, se não for, não vai ter’“, afirmou.
Regina aceitou o seu retorno às novelas 18 anos após “As Filhas da Mãe” (2001). Em 1986, ela ganhou fama nacional quando interpretou Tina Pepper, em “Cambalacho”. “Era uma personagem muito popular, da periferia de São Paulo. Essas meninas todas que queriam ser famosas e tinham esse vocabulário, esse repertório, não se viam na TV“, destacou.
De novela para o cinema, Regina falou à Bial sobre a repercussão com a empregada doméstica Val no longa “Que Horas Ela Volta?”, de 2015. “Acho que acumulei a Val a vida toda viajando o Brasil, e dá uma tristeza e angústia não ter como botar para fora. Aquilo tudo que eu via ia ficando em mim e não tinha onde usar aquele gestual, o amor todo”, desabafou.
A entrevista ainda teve tempo para política. Regina deu a sua visão sobre o atual momento que o País enfrenta. “Se você reparar eu não me oponho, eu não bato de frente, não xingo, não agrido. Não é que estou fofinha e boazinha, estou procurando o que tenho em comum com aquele cara para fazer ele parar por um minuto e olhar para a minha cara. Acho que teve um momento que tinha de construir muros, demarcar as diferenças. Acho que agora tem que demolir esses muros e fazer pontes“, opinou.
A apresentadora foi sensível quando lembrou que quando comandava programas e quadros na TV se tornou a voz de uma parte considerada invisível pela sociedade. “Tenho muito orgulho que eu, na ficção, estou a serviço das mesmas pessoas e das mesmas ideias. Fui durante muito tempo porta-voz de todas essas pessoas estavam invisíveis“, destacou.
Atualmente, Regina está em cartaz com a peça “Recital da Onça”, em curta temporada, no Rio de Janeiro. Ela não escondeu seu amor pelo teatro, mas ressaltou que a TV é onde está o grande público. “Eu amo fazer teatro, mas vivemos num país com desigualdade social. Cinema e teatro infelizmente só uma parcela da população consegue ver, então vou ser atriz por uns dois anos“.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].