Rosane Svartman e Paulo Halm: “Não escrevemos novelas para os fãs”

Rosane Svartman e Paulo Halm

Rosane Svartman e Paulo Halm (Imagem: João Cotta / Globo)

Eles são os rostos por trás do estrondoso sucesso de Bom Sucesso (com o perdão do trocadilho). Prestes a finalizar mais um trabalho, Rosane Svartman e Paulo Halm celebram o bom desempenho da trama das 19h em entrevista ao RD1.

A história da costureira Paloma reforçou algumas características que permeiam a obra da dupla, como, por exemplo, o diálogo com várias narrativas do audiovisual. E os criadores foram extremamente habilidosos ao dosar os ingredientes dessa receita: com muitos méritos, Bom Sucesso foi um dos raros casos de novelas recentes que conseguiram agradar público e crítica.

Apesar da repercussão positiva, porém, houve quem criticasse os rumos da trama, especialmente nas semanas finais. Para fazer um balanço desse trabalho, nós passamos a palavra aos autores.

RD1 – Que mensagem vocês acreditam ter deixado para o público ao contar a história da aproximação entre a costureira simples e o rico editor de livros?

Rosane Svartman e Paulo Halm – A gente queria falar sobre o quão preciosa e única é a vida. A morte é a única certeza que a gente tem, e não precisa ser um tabu falar disso, especialmente porque, com a consciência de que nossos dias são finitos, podemos valorizar mais cada momento.

Foi isso que o encontro entre Paloma, uma costureira do subúrbio do Rio de Janeiro, batalhadora e otimista, com um homem rico da zona sul do Rio, rabugento e doente terminal nos permitiu construir.

RD1 – Uma das características que permeia a obra de vocês são as referências a outros universos. No trabalho atual, a literatura foi quase um personagem. Como se sentem ao saberem que houve um aumento no interesse pelos livros citados na trama?

Rosane Svartman e Paulo Halm – Nós somos leitores vorazes e gostamos de dialogar com várias narrativas dentro do audiovisual. Em Malhação Sonhos trouxemos o teatro e a música.

Em Totalmente Demais, o cinema e a poesia. Agora, é a vez da literatura. Achamos que trazer o mundo da literatura era uma inspiração e uma homenagem ao que a gente faz, que é contar histórias. Esse universo é muito rico e tem tudo a ver com a história de Paloma, uma mulher sonhadora e que tem a fantasia de viver suas próprias histórias.

Além disso, quando começamos a escrever, encontramos o livro A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver, da Doutora Ana Claudia Quintana Arantes. Temos um diálogo contínuo com a obra, que fala da mesma coisa que levantamos na novela: aproveitar ao máximo a vida. Aparentemente, é uma temática densa, mas trazemos uma abordagem leve e alto astral.

Foi muito gratificante trazer a literatura para a pauta. Durante a pesquisa da novela, ouvimos diversos relatos de pessoas que passaram a se interessar mais pela leitura ou que testemunharam amigos ou alguém da família comentando e pesquisando autores ou livros citados em Bom Sucesso. Nas redes sociais acontece o mesmo.

RD1 – Apesar da repercussão alta – a novela em alguns dias, foi o programa mais visto da TV – houve críticas à trama nessa reta final. O que diriam aos telespectadores descontentes? Até que ponto os pedidos do público interferem na história de vocês?

Rosane Svartman e Paulo Halm – É legal acompanhar as postagens nas redes sociais e interagir. São ferramentas importantes de troca. Mas é preciso observar que as redes sociais movimentam um público crítico, ativo, mas que não necessariamente espelha a audiência da novela.

Além disso, não escrevemos novelas para os fãs porque seria impossível satisfazer o desejo de todos. O autor precisa ter autonomia e conduzir a sua narrativa.

RD1 – Quais os próximos projetos de vocês?

Rosane Svartman: Tenho alguns projetos em mente mas o mais importante é lançar o filme 3D Pluft, O Fantasminha, inspirado na obra de Maria Clara Machado.

Paulo Halm: Eu pretendo dirigir meu longa-metragem De Pai Pra Filho, que está dependendo única e exclusivamente da burocracia da Ancine liberar os recursos já captados para iniciar as filmagens. Espero que isso aconteça ainda nesse primeiro semestre. É uma “dramédia” sobre relacionamentos familiares, com o Antonio Fagundes no elenco.

Piero Vergílio
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Piero Vergílio

Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.