Silvio de Abreu coloca a culpa da demissão de José Mayer em grupos feministas

Silvio de Abreu abre o jogo sobre José Mayer (Imagem: Divulgação – Globo / Montagem – RD1)

Anos depois da polêmica envolvendo as acusações de assédio de José Mayer nos bastidores da Globo, o ex-diretor de teledramaturgia da emissora, Silvio de Abreu, saiu em sua defesa.

Em entrevista à revista Veja, ele disse que a demissão do ator foi motivada por pressões de grupos feministas:

“Minha análise é que foi um escândalo muito mais plantado por grupos do que qualquer outra coisa. Foi uma atitude bastante cafajeste do Zé Mayer, mas sacrificar uma carreira brilhante e útil para a empresa como a dele foi decorrência da baita pressão de grupos que a diretoria recebeu. Naquele momento, fomos obrigados a tomar aquela decisão”.

“Grupos feministas. Foi tão bem organizado que a novela acabou na sexta-feira e no sábado as pessoas já estavam com camisetas onde se lia ‘Mexeu com uma, mexeu com todas’. Já tinha uma coisa armada em cima disso”, acusou.

“Existia uma pressão também de vários atores — mas mais de atrizes — pela punição. O Zé Mayer foi um bode expiatório”, disse ainda, mas destacou que não defende a atitude do ator, mas afirmou:

“Só fiquei sabendo de coisas que ocorriam aqui e ali. Foi uma decisão da diretoria de afastá-lo definitivamente. Se tivesse passado um tempo, as pessoas iriam refletir melhor. Mesmo tendo errado e sendo cafajeste, ele é um ator de belíssima carreira. A punição foi muito pesada.”

“Não adiantava juntar um monte de homem para reivindicar isso. Aí seria uma atitude machista. Tinha de ter mulheres, e não consegui. Mesmo entre as que falaram que achavam uma injustiça, nenhuma nenhuma assumiu isso publicamente”, declarou.

“Quando as atrizes me procuraram, e eu não vou citar nomes, para dizer ‘Ah, que injustiça’, eu dizia para que nos juntássemos e fôssemos à diretoria falar isso. Elas voltaram atrás”, completou.

Silvio de Abreu, vale lembrar, acaba de assumir um acordo com a WarnerMedia e será o mais novo colaborador da produtora norte-americana para a HBO Max, a plataforma de streaming do grupo.

Além de Silvio, que passou os últimos 42 anos como contratado do canal da família Marinho, a WarnerMedia está fechada com Edna Palatnik.

“Estou muito feliz com esta nova caminhada e já me sinto em casa com um time tão competente, que já tive o prazer de conhecer em outras oportunidades. Criar narrativas e trazer temas relevantes que façam com que a audiência se envolva, se identifique e gere impacto na sociedade são combustíveis para este desafio que, tenho certeza, vai render muitos projetos incríveis”, afirma Silvio.

Velhos conhecidos

Na nova casa, o veterano vai reencontrar Monica Albuquerque, ex-Globo e contratada pela Warner em março deste ano para a gestão de talentos do grupo.

“Estamos muito confiantes no desenvolvimento desta nova área. Acreditamos na força do melodrama para atrair as audiências globais. Nosso objetivo é contar estas histórias com o ritmo das séries, com uma sólida estrutura narrativa e trazendo temas relevantes e urgentes”, aponta Mônica Albuquerque.

“O Brasil é um celeiro de talentos e ideias. Os criadores dessas histórias ajudaram a construir um mercado respeitado e premiado internacionalmente. E Silvio de Abreu – além de um grande parceiro e amigo – é, sem dúvida, um dos mais importantes nomes da dramaturgia do país”, comenta.

A HBO Max está preparando uma leva enorme de produções nacionais e contratando vários profissionais gabaritados para os projetos de novelas e séries.

Joana Jabace vai trabalhar como diretora artística. Esse novo anúncio faz parte do objetivo da marca em desenvolver mais de 100 produções nacionais nos próximos dois anos. Todos esses novos títulos serão exclusivos para a plataforma HBO Max sob a marca Max Originals.

História de sucesso

Silvio de Abreu deixou o cargo de número 1 da Teledramaturgia da Globo e deu lugar a José Luiz Villamarim em 1º de dezembro.

A mudança aconteceu dias após o anúncio de Ricardo Waddington no comando do Entretenimento, no lugar que antes era de Carlos Henrique Schroder.

O autor assumiu a direção de novelas e séries em 2014. Em 2018, após a saída de Guel Arraes, ele acumulou a função de chefão das produções curtas e por temporadas. Em 2019, com a saída de Marcius Melhem, Silvio pegou o comando dos programas de humor.

O escritor começou na Globo em 1978 como o autor principal da novela Pecado Rasgado. Em 1980, fez Plumas e Paetês. Com argumento de Janete Clair, criou os capítulos de Jogo da Vida, em 1981. Em 1983, esteve à frente do sucesso Guerra dos Sexos. Um ano depois, foi supervisor de texto de Vereda Tropical, de Carlos Lombardi.

Como autor principal, Silvio de Abreu fez Sassaricando (1987), Rainha da Sucata (1990), Deus Nos Acuda (1992), A Próxima Vítima (1995), Torre de Babel (1998), As Filhas da Mãe (2001), Belíssima (2005), Passione (2010) e Guerra dos Sexos, o remake (2012).

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