Sob Bolsonaro, TV Brasil cancela o “Sem Censura”, clássico criado há 34 anos

Sem Censura
“Sem Censura” foi criado há 34 anos por Fernando Barbosa Lima (Imagem: Divulgação / TV Brasil)

A EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que gere a TV Brasil, decretou o fim do “Sem Censura”, clássico da TV brasileira criado há 34 anos.

A produção do vespertino, que já havia perdido tempo com a ruidosa saída de Leda Nagle, em 2017, foi avisada, assim que a edição desta terça-feira (29) foi ao ar, que os programas ao vivo estavam suspensos.

A ordem agora é que o programa seja reprisado, até que o governo reavalie uma possível volta ao vivo. A TV Brasil lança sua nova programação no dia 11 de março, e até lá o retorno do “Sem Censura” será estudado.

Ao todo, 150 servidores da EBC foram informados que serão “devolvidos” a seus respectivos ministérios de origem, o que inclui a equipe da atração e a apresentadora Vera Barroso. A maior parte desse pessoal era do Ministério do Planejamento, hoje transformado em Ministério da Economia, do ministro Paulo Guedes.

O remanejamento atingiu, ainda, funcionários concursados da antiga TVE, que deu origem à TV Brasil, e da Fundação Roquette Pinto.

Carro-chefe da TVE e TV Brasil desde a sua criação, em 1º de julho de 1985, o “Sem Censura” é um dos clássicos programas de entrevistas e debates da TV brasileira, dada a sua importância, como o título sugere, de debater todo e qualquer assunto e abrir espaço para as mais diferentes correntes ideológicas no pós-ditadura.

Fusão com a NBR

Os mais de 2 mil funcionários da EBC convivem, também, com o suspense provocado pelos planos do presidente Jair Bolsonaro para a TV Brasil. Chamado de “TV do Lula” durante as eleições 2018, o canal escapou por pouco de ser extinto, o que, registre-se, colide com o discurso do então candidato.

Agora, o que se sabe, através de declarações do ministro Carlos Alberto Santos Cruz, da Secretaria de Governo, à qual a EBC está subordinada, é a intenção do Governo Federal de fundir as programações da TV Brasil e da NBR, criada ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002). A medida é criticada internamente.

TV Brasil cresce mais de 60% em dois anos

O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um fato político que até hoje divide opiniões entre os brasileiros. Uma coisa, porém, é indiscutível: o evento marcou um antes e depois na audiência da TV Brasil, rede estatal criada em 2007 pelo governo Lula.

O canal da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) fechou 0,31 ponto de média mensal em julho deste ano, com 0,67% de share (número de televisores ligados).

Dois anos atrás, em julho de 2016 – época em que se deu o impeachment da ex-presidente petista -, a média da estatal era de 0,19 ponto, e o share, de 0,41%. Um crescimento, portanto, de 64%.

Além disso, a TV Brasil passou, no mesmo intervalo, de ser a 27ª emissora mais vista do Brasil no Painel Nacional de Televisão (PNT) para a 10ª colocação.

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João Paulo Dell SantoJoão Paulo Dell Santo
João Paulo Dell Santo consome TV e a leva a sério desde que se entende por gente. Em 2009 transformou esse prazer em ofício e o exerceu em alguns sites. No RD1, já foi colunista, editor-chefe, diretor de redação e desde 2015 voltou a chefiar a equipe. Pode ser encontrado nas redes sociais através do @jpdellsanto ou pelo email [email protected].