Taís Araújo abriu o jogo sobre a sua atuação em Viver a Vida (2009-2010). A primeira Helena negra de Manoel Carlos foi massacrada pela crítica na época. Em entrevista ao especial Os Campeões de Audiência, da Cultura, a atriz revelou acreditar que o Brasil não estava preparado para uma personagem daquele tamanho.
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“Olha o tamanho da minha maluquice, da minha pretensão. Mas, ator é um ser pretensioso, a gente tem a pretensão de mudar o mundo, de melhorar o mundo. A gente trabalha para isso, para incomodar, para provocar reflexão, para que as pessoas se identifiquem, essa é a função do artista“, avaliou Taís.
A protagonista perdeu espaço para a antagonista, papel de Alinne Moraes, que roubou a cena através de uma história de superação, a de uma modelo após sofrer um acidente que a deixou paraplégica.
A artista revelou que o fato de dar vida a uma mulher negra, modelo bem sucedida e rica não era a realidade que o público esperava. “O Brasil não conseguia compreender aquela mulher negra, com sucesso e rica. Era um país que até hoje é assim, você precisa explicar porque o negro está nessa posição, como conseguiu e porque está aí. Era uma novela que não se explicava, então, talvez fosse uma novela para passar hoje e não há 11 anos“, avaliou.
A rejeição do público acabou causando frustração na esposa de Lázaro Ramos. “A novela fracassou de um jeito… Eu fracassei, eu tomei um caldo. Aí depois foi o contrário na minha cabeça, eu falei ‘fechei todas as possibilidades para as protagonistas negras’“, desabafou.
“Foi uma ingenuidade nossa, porque o Brasil lá atrás não se mostrava o país que é hoje. Há 10 anos, o brasileiro era cordial, a gente acreditava que o brasileiro era cordial, a gente acreditava em democracia racial, a gente acreditava em um monte de coisas, que caíram por terra“, complementou.
Outra personagem que Taís Araújo teve destaque foi Xica da Silva (1996). A novela de Walcyr Carrasco, dirigida por Walter Avancini, foi responsável por ela ter a certeza de que iria seguir a carreira artística. Entretanto, a atriz entende que a obra não exprimiu a figura histórica.
“Eu só achava que tinha que ficar pelada. Uma personagem fundamental da nossa história, que leitura errada, machista, misógina. Eu acho que ela não foi mostrada como mereceria nem no filme do Cacá [Diegues], que é muito bom, nem na novela, que é uma novela excelente. Mas eu acho que ela foi, enquanto mulher e atitude política, muito maior do que todas essas duas obras mostraram sobre ela“, sentenciou Taís.
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