Texto de Lícia Manzo foi o grande protagonista de Um Lugar ao Sol

Um Lugar ao Sol

Um Lugar ao Sol chegou ao fim com muitos acertos, apesar da baixa audiência (Imagem: Reprodução / Globo)

Um Lugar ao Sol chegou ao fim com uma das audiências mais baixas de novela das 21h da Globo. Com erros e acertos – como qualquer trama – a história de Lícia Manzo foi a primeira estreia inédita nessa pandemia e, portanto, já chegou à TV carregada de altas expectativas. Mas será que foi tão ruim quanto os índices querem demonstrar?

Em primeiro lugar, já não acredito mais que pontos de audiência podem definir o sucesso ou fracasso de uma novela. No mundo em que vivemos, com o streaming em alta e podendo acessar nossa novela favorita “quando, como e onde quisermos”, não podemos levar isso em consideração.

Quantas pessoas preferem assistir depois, até mesmo pelo celular e amam a novela? Eu, noveleira assumida, e da geração que assiste com hora marcada, entendo que o modelo está ultrapassado, mas vou continuar sentada no sofá esperando o capítulo começar.

Mas vamos a alguns pontos altos e baixos de Um Lugar ao Sol, antes de entrar de cabeça em Pantanal (quer dizer, já entrei desde que anunciaram que o remake seria feito):

Pontos altos:

  • Texto maravilhoso – e sensível – da autora Lícia Manzo;
  • Trama da personagem Rebeca com a discussão e o debate levantado sobre a mulher de 50 anos. Com destaque especial para atuação da atriz Andrea Beltrão e sua relação com a prima, e melhor amiga, Ilana (Mariana Lima), que também merece palmas.
  • Por falar em Mariana Lima, a trama final da personagem, pela coragem de assumir seu amor por Gabriela (Natália Lage), foi linda. Aliás, a novela toda deu um show contra o preconceito.
  • Falar sobre síndrome de down de uma forma direta e mostrando que o capacitismo não tem mais espaço em nossa sociedade. Otávio Muller emocionou com o texto de seu personagem no palco, como o pai que se redescobre com a filha que tem síndrome de down. E que lindo foi ver a TV dar espaço para Samantha Quadrado mostrar sua arte.
  • Marieta Severo e sua brilhante interpretação para falar sobre a vida das pessoas da terceira idade em nosso país, que podem, sim, amar, trabalhar e fazer suas escolhas.
  • Cauã Reymond deu show e provou, mais uma vez, que pode encantar com seu talento e não apenas com sua beleza. Abraçou lindamente o grande desafio de interpretar os gêmeos.
  • A família de Ana (Regina Braga), Julia (Denise Fraga) e Felipe (Gabriel Leone), com todas as questões sociais e de relacionamentos. A cada cena, um espetáculo de interpretação dos atores, com diálogos profundos e emocionantes.

Pontos baixos:

  • História batida de um irmão que toma o lugar do outro e já nos faz ‘apostar’ em tudo o que vai acontecer.
  • Rebeca e Felipe não ficarem juntos vai contra todo o discurso do empoderamento feminino da personagem. Deviam ter apostado no fim de um casal feliz, apesar da diferença de idade. Não foi assim com Erica e Santiago?
  • A quantidade de doenças enfrentadas pelos personagens ao longo dos capítulos.
  • Lara ficar com Ravi não agradou. Ela poderia ter feito a viagem para estudar no fim da novela e ele poderia ter sido feliz ao lado de Taiane.
  • Que fim levou a Barbara? Ficou no ar, mas acho que Alinne Moraes merecia um desfecho melhor.

Eu poderia ainda citar muitos outros pontos altos da novela, mencionar a direção, cada um do elenco, grandes atrizes e atores que deram um toque especial ao texto primoroso. Todos os assuntos trazidos por Lícia Manzo, de extrema importância, e abordados de uma forma sensível, com trocas profundas. Foram 119 capítulos que prenderam nossa atenção e sacudiram as emoções.

Fernanda Menezes Côrtes
Escrito por

Fernanda Menezes Côrtes

Fernanda Menezes Côrtes é jornalista, com mais de 20 anos de experiência em assessoria de comunicação, sendo os últimos onze anos voltados ao mundo do entretenimento e da televisão. Trabalhou na comunicação da Globo e do Canal Viva e como assessora de artistas.