A estreia de Verdades Secretas 2 movimentou a internet na noite desta quarta-feira (20). A trama é um marco na história das novelas brasileiras, já que é a primeira produção do gênero feita originalmente para o streaming. O problema é que, para desbravar esse nicho, o Globo ainda vai precisar dialogar com um público que já está acostumado com as superproduções da Netflix, Prime Video e afins.
VEJA ESSA
Walcyr Carrasco é um gênio, um hors concours da teledramaturgia e não precisa provar mais nada para ninguém. E é claro que é preciso assistir todos os 50 episódios da novela para se emitir uma opinião mais completa. Contudo, é importante pontuar que o roteiro apresenta desde já um texto barato, inverossímil e excessivamente didático típico de novela das 7 – que contrasta com a excelente direção artística de Amora Mautner e a sofisticada direção de fotografia de André Horta.
O excesso de pontas soltas e problemas de conexão com a primeira temporada ficou evidente na estreia: a polícia não passou luminol e não achou a bala na lancha logo depois da Angel (Camila Queiroz) matar o Alex (Rodrigo Lombardi)? A Angel não acumulou joias e pertences de valor após os casamentos com Alex e Gui?
Também vale ressaltar que é nítido o abismo de qualidade entre o Globoplay e as grandes plataformas de streaming internacionais: um aplicativo lento, que trava e que tem oscilações de qualidade durante as transmissões. Sem falar que, mesmo sendo assinante, é preciso assistir duas ou três propagandas antes de abrir um vídeo. A emissora ainda vai precisar comer muito arroz com feijão e investir pesado em tecnologia para atingir um padrão mínimo de excelência no segmento.
Os pontos positivos da produção, além da direção, são a trilha sonora e a excelente atuação de Agatha Moreira, que tirou leite de pedra para trazer uma Giovanna com mais camadas de personalidade. Visky (Rainer Cadete) é outro personagem que empolga e engaja a audiência.
É louvável que a Globo aposte em cenas mais ousadas e picantes, que jamais seriam aprovadas em outros tempos. A dramaturgia pasteurizada já não é mais aceita pelo telespectador jovem, que cada vez menos consome a TV aberta tradicional e precisa “se ver” retratado com fidelidade na telinha.
Henrique Brinco é baiano, formado em Comunicação Social pela Unijorge, de Salvador. Atua no jornalismo desde 2008, passando pelas editorias de política, cidades, cultura e entretenimento em diversos portais de notícias, locais e nacionais. É colaborador do RD1 desde 2012, onde já foi responsável pela editoria de Famosos e autor da coluna Por Trás da Mídia. É fã número 1 de reality shows. Fala besteira no Twitter (@brinco) o dia todo também!