Dona de uma carreira histórica ao longo dos seus 89 anos, com direito a diversas premiações em seu currículo, Léa Garcia fez uma confissão sobre um momento delicado que viveu.
VEJA ESSA
Ao recordar Rosa, a vilã de Escrava Isaura, exibida em 1976, a artista revelou que sofreu na pele as consequências que sua personagem fazia na trama de Gilberto Braga.
“Apanhei muito. Uma vez, na feira, uma criatura pegou um peixe enorme e bateu com ele nas minhas costas porque eu ‘estava sendo perversa com a Isaura’“, contou durante o Conversa com Bial.
“Também levei um beliscão que me fez chorar quando esperava um táxi na Praia do Flamengo. Naquela época as pessoas confundiam o personagem com o ator”, completou.
Outro importante marco em sua trajetória foi na peça Perdoa-Me por Me Traíres, encenada 1957, no Teatro Municipal. Na ocasião, o espetáculo por pouco não terminou em tragédia:
“A história era de um deputado que se relacionava com uma jovem de uniforme, de 16 anos. O público de elite do teatro ficou chocado e o deputado Wilson Leite Passos que estava presente ficou revoltado e atirou para cima. As cortinas se cerraram”.
“Metade do público aplaudia e a outra metade vaiava. Nélson (Rodrigues) queria brigar com as pessoas. Foi uma experiência única poder contracenar com ele”, contou.
Léa Garcia entrega seu desejo
Em cartaz com a peça A Vida Não É Justa, baseado no livro da juíza Andréa Pachá, Léa entregou que seu sonho antigo era trabalhar como escritora:
“Eles me criaram de uma forma muito incrível. Me mimaram demais. Pude me encontrar depois dentro de uma sociedade de uma forma muito mais consciente e não como eles estavam me criando. Eles estavam me preparando para ser uma mulher alienada em relação a questão racial do Brasil”.
“Foi o Abdias Nascimento (ator, poeta, escritor, dramaturgo e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras e criador do Teatro Experimental do Negro (TEM)) quem me deu essa retomada da problemática racial no Brasil”, finalizou.
