Uma reviravolta no caso da morte de Caroline Bittencourt pode colocar a culpa nas mãos do viúvo, o empresário Jorge Sestini. A Polícia Civil afirmou que ele será indiciado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
O delegado do caso, Vanderlei Pagliarini, tomou a decisão após ouvir formalmente o dono da marina onde estava o barco do casal. Antes da partida, Lenildo de Oliveira, proprietário da Lemar Garagem Náutica, informou a Jorge que ficasse atento às mudanças climáticas, porque havia a previsão de um vento a noroeste entre sábado e domingo.
Oliveira afirmou no depoimento que no domingo, dia do acidente, recebeu alertas de mudança nas condições do tempo e os encaminhou para os clientes da marina, entre eles o Sestini. Por volta das 15h44, ele recebeu uma mensagem de áudio pelo WhatsApp, último contato com ele, confirmando o recebimento do alerta e agradecendo pelo aviso. Jorge e Carol estavam no canal entre São Sebastião e Ilhabela. A sua chegada estava prevista para às 17h30. A tempestade começou trinta minutos antes.
O inquérito aponta indícios de conduta culposa do empresário. Para o delegado, houve negligência. “Com clareza a incidência de conduta culposa dele”, enfatizou no inquérito.
“Sabedor do mau tempo que assolava naquele momento a região, especialmente para quem se encontrava a bordo de embarcações de pequeno porte, expressamente advertido a esse respeito, resolveu por lançar-se ao mar, não providenciando ao menos que a vítima utilizasse um colete salva-vidas, como lhe competia, negligência indiscutível que remete aos fundamentos dos delitos culposos”, declarou o delegado em parte do documento.
O pedido de indiciamento foi enviado para a polícia de São Paulo. “Enviamos um questionário elaborado com perguntas para ele responder. Quando comparecer à delegacia, ele irá ser indiciado formalmente”, afirmou Pagliarini. Sestini deve ser informado oficialmente do indiciamento quando for chamado pelos policiais da capital. Jorge pode não responder as perguntas das autoridades. A pena, caso seja condenado por homicídio culposo, é de um a três anos de detenção.
Caroline Bittencourt morreu aos 37 anos no último dia 28 de abril, quando velejava com o marido. O casal fazia a travessia entre São Sebastião e Ilhabela e foi surpreendidos pela tempestade. Caroline caiu no mar e foi sugada pela água. Jorge tentou resgatá-la, mas a perdeu de vista e nadou por três horas até ser resgatado.
